Jorge Adelar Finatto
Ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, O Segredo dos Seus Olhos nos mostra que sem justiça e sem democracia não há esperança, resta só a barbárie.
Sou admirador do cinema argentino há bastante tempo. Filmes como O Filho da Noiva e Clube da Lua, entre outros, dignificam qualquer cinemateca. Diria que podem figurar, sem favor, no que de melhor se fez na arte cinematográfica nos últimos trinta anos. Na minha visão, são muito melhores do que filmes como Bastardos Inglórios, êxito de bilheteria, que dá grande destaque ao espetáculo da violência e deixa no espectador um profundo desalento em relação à condição humana.
O que eu vejo de diferente no cinema argentino? Acho que é a capacidade de nos fazer sentir e pensar. São filmes que nutrem esperança no ser humano, sem esconder os dramas da realidade. Além de bem construídos tecnicamente, nos contam uma boa história.
Nessa semana assisti a O Segredo dos Seus Olhos (El secreto de sus ojos), dirigido por Juan José Campanella e interpretado pelos excelentes atores Ricardo Darín (foto), protagonista, Soledad Villamil e Guillermo Francella. Trata-se de mais um belo trabalho produzido por nossos vizinhos do Rio da Prata.
O filme leva-nos a refletir sobre muitas coisas, mal sentimos o tempo passar durante as duas horas e nove minutos. Me chamou a atenção a clareza com que mostra as graves consequências que resultam quando o estado se omite ou negligencia na tarefa de realizar justiça.
Fica muito claro em O Segredo dos Seus Olhos que sem justiça e sem democracia não há esperança, resta só a barbárie. A história nos remete ao período da ditadura militar na Argentina e ao acobertamento de um criminoso pelo regime. Mais um grande filme argentino, que por seus notáveis méritos ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro neste mês.
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Foto: Ricardo Darín. Divulgação do filme.