Jorge Finatto
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UMA COISA que chama atenção nos cemitérios da região serrana do Rio Grande do Sul é que estão sempre enfeitados com flores. O vivo colorido torna-os menos tristes nas beiras de estrada. Às vezes, estão localizados no núcleo das cidadezinhas, misturados ao casario.
Vida e morte lado a lado, sem ataques de nervos.
São espaços que nada têm de fantasmagóricos. Última morada coisa nenhuma: lugar de passagem, transição para outra esfera.
Os pequenos territórios de ausência têm muros de pedra baixos e portões de ferro com trepadeiras enlaçadas. As sepulturas são rentes ao chão, algumas cobertas de heras; outras com vasos floridos. E há aquelas que possuem flores plantadas em volta.
Na Serra até a morte parece fazer parte da vida. Os mortos têm direito a flores o ano inteiro e ocupam um lugar cálido na memória dos que ficam.