Jorge Adelar Finatto
A necessidade de evasão da realidade é tão antiga quanto a presença do ser humano na Terra. Ultimamente, diante de tantas tragédias, medos e angústias, quem não pensa em tirar umas férias da realidade e viajar para uma ilha de sol e paz longe da loucura?
Essas ilhas estão cada vez mais distantes.
O problema do cotidiano é que tem realidade demais, e muito poucas janelas para a harmonia.
Pretender mudar a vida é uma forma de evasão de um mundo que já não serve, em busca de outro, que não conhecemos muito bem, mas deve ser melhor e mais humano.
Muda-se a realidade mudando a própria vida.
A existência só é suportável na medida em que podemos transformá-la.
Essa página a ser escrita é o que pode nos salvar em meio à miséria humana em que vivemos.
Por que a necessidade de mudar? Porque há injustiça demais, atrocidades e violência demais, catástrofes demais, corrupção demais, sofrimento demais. As regras postas na velha maneira de fazer política e viver em sociedade não permitem a chegada de dias melhores.
Um sistema iníquo esmaga os sonhos de pessoas que querem viver honestamente.
A cena brasileira cansa, exaspera, tritura a paciência. Condutas de homens públicos envergonham e fazem corar as estátuas nas praças.
O resto do mundo não é muito diferente.
As coisas boas acontecem tão lentamente que é como se não acontecessem.
O noticiário é patético.
A esperança? É um dever para todos, principalmente para os mais jovens que não podem naufragar no desespero.
Precisamos urgentemente abrir a janela para o sol entrar.
Tem gente do bem lutando para construir dias mais claros, com menos crianças nas ruas, o coração mais aberto ao outro.
Resta acreditar na luta cotidiana, que começa com a gentileza no trato com os semelhantes, na recusa terminante a qualquer forma de violência como meio de resolução de conflitos, no respeito a todos os seres, no repúdio à indiferença diante do quadro que se apresenta.
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Foto: Jorge Finatto
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