Farandolino Brouillon
Todos os medos, todas as mágoas, todas as dores, sem esquecer os abismos. O puro arrepio de fazer a humana travessia, de ermo em ermo. Todos os suspiros, todos os tormentos, todos os erros, sem esquecer a ingratidão. Amanhã será outro amanhecer, outro sentimento, outra tarde de garoa como essa sob o guarda-chuva da memória. Amanhã serei o que vai embora. O neblinense que deixa tudo pra trás e vai em busca do caminho perdido. Há uma ponte desconhecida esperando na bruma? Irei através dela sem medo. Amanhã as folhas do outono. O vento de abril cercando os caminhos. Amanhã serei o que levanta da escuridão. Coração camélia vermelha. A tua mão e a minha.
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Farandolino Brouillon é poeta em Passo dos Ausentes.
Fotos: J. Finatto. Parque Laje de Pedra.