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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Evocação de Rilke

Jorge Finatto 

Flor de Viena. photo: jfinatto


Quem tomará a minha mão
na noite de vermes
quando o asco me derruba
feito cão pela esquina

quem de coração amigo
chegará para beber a gota
de ternura estrangulada

quem me chamará de irmão
na dor imensa
quando o medo me acerta
com suas espadas de fogo

________________

Poema do livro Claridade, Jorge Finatto. Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1983.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Cálido

Jorge Adelar Finatto
 
 
photo: jfinatto
 

Preciso escrever
o poema
que vai salvar
esse dia

o poema cálido
para atravessar
o tempo difícil
que ainda tenho
pela frente

o poema que vai
expulsar
a vontade
de morrer
que chega
aos poucos
como um felino
_____________ 

Do livro Memorial da vida breve, Jorge Finatto, Editora Nova Prova, Porto Alegre, 2007. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Presença

Jorge Adelar Finatto

photo: jfinatto
 
Me tens aqui lutando
com secas palavras
para iluminar a treva
que nos reúne
em torno do lume
do poema

me tens aqui solidário
beirando a primavera
beirando os trintanos
com raros bens materiais
e nenhum privilégio
de credo ou classe

às vezes louco
às vezes patético
com poucos seres humanos
pra repartir
alguma coisa

me tens aqui poeta
num país injusto e sofrido
caminhando à beira de um rio

a sujeira flutua nas águas
os pobres equilibram-se
em perigosas palafitas

me tens aqui poeta lírico
cada dia mais lúcido

como a primavera
eu invado de repente
a sala adormecida
o coração desabitado

não tenho uma saída
para os dramas
que andam por aí

sequer possuo soluções
plausíveis
para os atrapalhos
cotidianos

o que posso oferecer
e ora ofereço
é essa canção discreta
para dissipar a sombra

um braçada de flores
no inverno

______

Do livro O Fazedor de Auroras, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Leitura no programa Tons & Letras

Jorge Adelar Finatto
 
 
No próximo sábado, 17/5, terei uma participação no programa Tons & Letras da Rádio FM Cultura de Porto Alegre (107.7). O programa começa às 11h e nele lerei o poema Presença, no momento dedicado ao Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul.
 
O texto faz parte do meu livro O Fazedor de Auroras que o IEL publicou em 1990. Apresentado pelo jornalista e escritor Luís Dill, Tons & Letras transita entre música e literatura. 
 

sexta-feira, 16 de março de 2012

O poema como carta

Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto. 



O poema
como carta
sem destinatário certo
que não vai pela mão
                                do carteiro
mas chega a alguém
e é salvo da ironia
da gaveta



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Do livro O Habitante da Bruma, Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1998.