Jorge Adelar Finatto
photo: j.finatto |
Escrever é estar vivo. Compartilhar isso com o outro é felicidade.
Esse texto aconteceu durante uma falta de luz que lançou a casa e a rua no mais profundo breu.
Saí pelos armários e gavetas às cegas, apalpando em busca de coisas capazes de substituir a luz.
Velas, fósforos, lanterna, isqueiro, lamparina a óleo, qualquer coisa para iluminar a escuridão. O breu do ambiente. O breu na alma.
Um apanhador de estrelas.
O que é o texto senão um telescópio mirando a espessa névoa dos corações e mentes? Que podem dizer as palavras que ainda não foi dito? Falar a quantos olhos nascem no planeta todos os dias, luz das estrelas.
Na sala calada, o apanhador rumina paciência, viaja distâncias, abraça ausências, inventa afetos, estuda anotações de outros exploradores, ajusta as lentes do seu instrumento.
Viajar por esse mistério chamado existência.
O apanhador espreita a noite infinita à procura de um sinal, um movimento, uma luz distante e amiga, uma voz que acalente o coração na hora iluminada.
Viajar por esse mistério chamado existência.
O apanhador espreita a noite infinita à procura de um sinal, um movimento, uma luz distante e amiga, uma voz que acalente o coração na hora iluminada.
As palavras criam asas, inauguram o voo. Dias de trabalho para conseguir uma única página.
O apanhador se sente vivo e no caminho. Graças a Deus.
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Texto revisto, publicado antes em 9 de janeiro, 2013.