Jorge Finatto
TODO VIVENTE devia ter uma rede baiana e uma água de coco pra se aconchegar. O mundo seria outro. Não haveria tanta maldade, nem tanta tristeza, nem tanta grossura.
A filosofia, na Praia do Mucugê, aqui em Arraial d'Ajuda, é outra. Do outro lado do Atlântico tem a África. Do lado de cima do mar, o céu azul-infinito. Daqui da cadeira de praia, vejo a linha do horizonte com seu bordado de nuvens.
Arraial d'Ajuda. photo: jfinatto |
Por todo canto, lonjuras, palmeiras, coqueiros, gente sossegada olhando o movimento dos barcos e das ondas.
Kant, se tivesse vivido em Arraial, escreveria que o imperativo categórico é suco de cupuaçu, mar quebrando na praia e caipirosca.
Devir é quando o sol se levanta, no fim do oceano, a cada amanhecer.
Kant, se tivesse vivido em Arraial, escreveria que o imperativo categórico é suco de cupuaçu, mar quebrando na praia e caipirosca.
Praia do Mutá, Bahia. photo: jfinatto |
Praia do Mutá. photo: jfinatto |
Devir é quando o sol se levanta, no fim do oceano, a cada amanhecer.
Sartre, por seu lado, teria ensinado que o inferno não é o outro, mas a sombra que ele projeta em nosso pedaço de areia.
Arraial d'Ajuda. photo: jfinatto |
Ortega y Gasset conceberia que eu sou eu e minha praia. Não existe filosofia nem felicidade longe daqui. Fora deste lugar habita o caos.
O resto, bem, o resto se vê depois.