Jorge Adelar Finatto
Dom Renato I, o Justo |
Os meus irmãos portugueses sofrem com o PIB (Produto Interno Bruto). Eu ofereço-vos a FIB (Felicidade Interna Bruta).
Sua Alteza, Dom Renato I, o Justo, príncipe da Pontinha, dispõe-se a comprar Portugal por 1 euro e afirma que governará o país melhor do que os portugueses, além de assumir a totalidade da dívida existente.*
A Pontinha, como o próprio nome indica, é um pequeníssimo território (178 m²) situado num rochedo da baía do Funchal, capital da Região Autônoma da Madeira, pertencente a Portugal, na costa da África. A distância que a separa da terra é de 70 metros, que são percorridos a pé através de uma ponte construída por Dom José I, Rei de Portugal, no século XVIII.
No Principado Ilhéu da Pontinha (nome oficial) há uma única construção, o Forte São José, o diamante que ilumina a pérola do Atlântico,² onde vive o soberano. Ele diz que seus súditos estão espalhados pelo mundo, tal como os portugueses têm os seus emigrantes, e que a Pontinha tem representação diplomática em diversos países, inclusive no Brasil.
O lema do Principado é formulado, como convém, em latim: Verbum volat, scriptum manet (As palavras faladas voam, as escritas permanecem).
Renato Barros, que é português e professor, informa que comprou o ilhéu no ano 2000. Após autoproclamou-se príncipe e declarou a independência que, por óbvio, não é reconhecida por Portugal. Desde então reivindica o reconhecimento político de seu Estado, o mais pequeno principado do mundo, inclusive junto à ONU. No momento desta entrevista concedida ao jornal i, de Portugal, estava à procura de uma nova primeira-dama. Ouçamos Dom Renato:
Tal qual Portugal se desfez de vários territórios (Macau, Timor, Goa, Moçambique, Guiné, etc), também a minha ilha - o Principado Ilhéu da Pontinha - foi alienada pelo vosso rei D. Carlos I em outubro de 1903. É uma realidade que as vossas autoridades pretendem camuflar e daí ser mais fácil mandarem-me chamar louco ou irresponsável. Quando o que estou a fazer é o legítimo exercício de um direito à autodeterminação.
O príncipe salienta que tem dupla cidadania - luso-fortense - e que não renega suas origens lusas, apenas não me conformo com quem governa (mal) os portugueses. Define-se como cristão, mas admite que cada pessoa tenha o seu deus e a sua religião na Pontinha. Faz saber que o presidente de Portugal, Cavaco Silva, deve-lhe dinheiro e critica os bancos e a política.
Lembra, também, que seu Estado minimalista não possui dívidas. Falando a respeito da crise, esclarece que somente leves ricochetes chegaram até o Principado. Objeta que no continente existem crise de valores, ignorância, inveja, mesquinhez e falta de sentido de humor.
No que se refere à economia da Pontinha, ele explica:
Enquanto andam a assassinar a economia portuguesa, eu dei instruções claras ao meu governo para fomentar e diversificar áreas de negócio que dêem aos portugueses (que pretendam a dupla nacionalidade luso-fortense e a outros cidadãos do mundo) emprego, bem-estar econômico e desenvolvimento cultural. Tenho, por exemplo, um Real Centro Internacional de Negócios e as minhas 200 reais milhas marítimas para explorar.
Sobre o Estado social, argumenta que não o considera um conceito insustentável:
O que é insustentável são as mordomias de quem 'gere' (dilapida) o Estado social. A riqueza está mal distribuída em todos os países. E se em vez de recapitalizarem os bancos começarem a recapitalizar as famílias e as pequenas e médias empresas, então o vosso problema estará automaticamente resolvido. Mas vocês, portugueses, infelizmente, são uns cobardes, têm medo de quem está no poder. Não os vêem como meros empregados, que recebem um vencimento à conta dos vossos impostos.
No que concerne à ideologia, esquerda ou direita, observa Dom Renato I:
Defino-me como Justo, que, ao contrário de quem vos governa, põe os interesses coletivos acima dos individuais. Desde que a Revolução Russa de 1917 foi financiada pelo banco americano J.P. Morgan que só não percebe quem é burro: a ideologia é uma treta, apenas serve para dividir e não para fazer as pessoas pensarem em boas ou más gestões dos dinheiros públicos (dos contribuintes). E para os obrigarem a prestar contas e a repor os desvios.
A propósito das vantagens aos portugueses que queiram mudar-se para o Principado da Pontinha, informa Sua Alteza:
Os meus irmãos portugueses sofrem com o PIB (Produto Interno Bruto). Eu ofereço-vos a FIB (Felicidade Interna Bruta). Quando os portugueses perceberem que andaram a ser enganados e derem valor ao ser em vez de ao ter, então, mesmo para vós, tudo começará a fazer sentido. Vendam-me Portugal, pois eu governarei melhor os portugueses. Não é o dinheiro nem o poder que me movem, ao contrário do que acontece convosco.
Bem, digo eu, diante das idéias sociais e políticas de Dom Renato I, o Justo, se eu resolver um dia desses emigrar do Brasil (como muita gente está querendo fazer), a fim de buscar um lugar menos violento, mais harmonioso e feliz, vou pensar no Principado da Pontinha (onde, aliás, não se precisa de passaporte para entrar).
Afinal, Dom Renato revela acurado bom humor, indispensável para se viver, qualidade de resto tão em falta, neste momento, na Terra de Vera Cruz. Além disso, na sua ilha existe espírito público e a criatividade e a alegria são, pelos vistos, muito estimadas.
Um lugar, enfim, para não se olvidar no caso de emigração ou durante a próxima viagem.
No Principado Ilhéu da Pontinha (nome oficial) há uma única construção, o Forte São José, o diamante que ilumina a pérola do Atlântico,² onde vive o soberano. Ele diz que seus súditos estão espalhados pelo mundo, tal como os portugueses têm os seus emigrantes, e que a Pontinha tem representação diplomática em diversos países, inclusive no Brasil.
Bandeira do Principado |
O lema do Principado é formulado, como convém, em latim: Verbum volat, scriptum manet (As palavras faladas voam, as escritas permanecem).
Renato Barros, que é português e professor, informa que comprou o ilhéu no ano 2000. Após autoproclamou-se príncipe e declarou a independência que, por óbvio, não é reconhecida por Portugal. Desde então reivindica o reconhecimento político de seu Estado, o mais pequeno principado do mundo, inclusive junto à ONU. No momento desta entrevista concedida ao jornal i, de Portugal, estava à procura de uma nova primeira-dama. Ouçamos Dom Renato:
Tal qual Portugal se desfez de vários territórios (Macau, Timor, Goa, Moçambique, Guiné, etc), também a minha ilha - o Principado Ilhéu da Pontinha - foi alienada pelo vosso rei D. Carlos I em outubro de 1903. É uma realidade que as vossas autoridades pretendem camuflar e daí ser mais fácil mandarem-me chamar louco ou irresponsável. Quando o que estou a fazer é o legítimo exercício de um direito à autodeterminação.
O príncipe salienta que tem dupla cidadania - luso-fortense - e que não renega suas origens lusas, apenas não me conformo com quem governa (mal) os portugueses. Define-se como cristão, mas admite que cada pessoa tenha o seu deus e a sua religião na Pontinha. Faz saber que o presidente de Portugal, Cavaco Silva, deve-lhe dinheiro e critica os bancos e a política.
photo da Pontinha. fonte: sítio oficial |
Lembra, também, que seu Estado minimalista não possui dívidas. Falando a respeito da crise, esclarece que somente leves ricochetes chegaram até o Principado. Objeta que no continente existem crise de valores, ignorância, inveja, mesquinhez e falta de sentido de humor.
No que se refere à economia da Pontinha, ele explica:
Enquanto andam a assassinar a economia portuguesa, eu dei instruções claras ao meu governo para fomentar e diversificar áreas de negócio que dêem aos portugueses (que pretendam a dupla nacionalidade luso-fortense e a outros cidadãos do mundo) emprego, bem-estar econômico e desenvolvimento cultural. Tenho, por exemplo, um Real Centro Internacional de Negócios e as minhas 200 reais milhas marítimas para explorar.
Sobre o Estado social, argumenta que não o considera um conceito insustentável:
O que é insustentável são as mordomias de quem 'gere' (dilapida) o Estado social. A riqueza está mal distribuída em todos os países. E se em vez de recapitalizarem os bancos começarem a recapitalizar as famílias e as pequenas e médias empresas, então o vosso problema estará automaticamente resolvido. Mas vocês, portugueses, infelizmente, são uns cobardes, têm medo de quem está no poder. Não os vêem como meros empregados, que recebem um vencimento à conta dos vossos impostos.
No que concerne à ideologia, esquerda ou direita, observa Dom Renato I:
Defino-me como Justo, que, ao contrário de quem vos governa, põe os interesses coletivos acima dos individuais. Desde que a Revolução Russa de 1917 foi financiada pelo banco americano J.P. Morgan que só não percebe quem é burro: a ideologia é uma treta, apenas serve para dividir e não para fazer as pessoas pensarem em boas ou más gestões dos dinheiros públicos (dos contribuintes). E para os obrigarem a prestar contas e a repor os desvios.
A propósito das vantagens aos portugueses que queiram mudar-se para o Principado da Pontinha, informa Sua Alteza:
Os meus irmãos portugueses sofrem com o PIB (Produto Interno Bruto). Eu ofereço-vos a FIB (Felicidade Interna Bruta). Quando os portugueses perceberem que andaram a ser enganados e derem valor ao ser em vez de ao ter, então, mesmo para vós, tudo começará a fazer sentido. Vendam-me Portugal, pois eu governarei melhor os portugueses. Não é o dinheiro nem o poder que me movem, ao contrário do que acontece convosco.
Bem, digo eu, diante das idéias sociais e políticas de Dom Renato I, o Justo, se eu resolver um dia desses emigrar do Brasil (como muita gente está querendo fazer), a fim de buscar um lugar menos violento, mais harmonioso e feliz, vou pensar no Principado da Pontinha (onde, aliás, não se precisa de passaporte para entrar).
Afinal, Dom Renato revela acurado bom humor, indispensável para se viver, qualidade de resto tão em falta, neste momento, na Terra de Vera Cruz. Além disso, na sua ilha existe espírito público e a criatividade e a alegria são, pelos vistos, muito estimadas.
Um lugar, enfim, para não se olvidar no caso de emigração ou durante a próxima viagem.
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*As declarações de Dom Renato I, cujo resumo aqui reproduzo, foram retiradas de entrevista que o príncipe concedeu ao jornal i, de Portugal, feita pela jornalista Rosa Ramos e publicada em 15 de agosto de 2013. Para ler a matéria completa, acesse o link: