sábado, 10 de novembro de 2018

Jacó Guinsburg: belas páginas de vida

Jorge Finatto

Jacó Guinsburg. Divulgação
 

FICO PENSANDO: que bela vida teve Jacó Guinsburg, que nos deixou em 21 de outubro passado, em São Paulo, aos 97 anos. Nascido em 1921, em Riscani, Bessarábia, atual Moldávia, veio pequenino com a família para o Brasil, em 1924, e aqui se criou, viveu e trabalhou. De origem judaica, foi um dos nomes mais representativos da cultura e da produção editorial em nosso país nas últimas sete décadas.
 
Ralou um bocado, trabalhou muito. Construindo-se como pessoa e como profissional ajudou muitos outros a construírem-se também. Pensador, escritor, professor, tradutor, ensaísta, especialista em teatro, criou a Editora Perspectiva, das mais importantes já surgidas no cenário editorial brasileiro, com um catálogo brilhante e extenso de autores nacionais e estrangeiros, na área de humanidades.

Publicou escritores como Maiakóvski, irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Umberto Eco, Antonio Cândido, Fernand Braudel, Décio de Almeida Prado, Scholem Aleikhem, Isaac Bashevis Singer e muitos, muitos outros.

Em 2012, ao ler a obra Tévye, o leiteiro, de Scholem Aleikhem, com tradução do ídiche, organização e notas de J. Guinsburg, escrevi uma resenha. A leitura deste livro extraordinário (vertido para o cinema com o título Um violinista no telhado, vencedor de três Oscar) fez com que mantivesse com ele contatos por e-mail. Revelou-se pessoa interessada, generosa e disposta ao diálogo. Para minha honra, a resenha foi publicada no site da Perspectiva.

J. Guinsburg foi um bem para o Brasil.  Semeou livros, ideias, saberes e beleza. Construiu numeroso patrimônio espiritual, levantando pontes entre culturas. Deixou-nos um legado e um exemplo luminosos. Escreveu belas páginas de vida.