Jorge Finatto
photo da photo: jfinatto |
E, NO ENTANTO, ela está ali, viva, na pequena moldura sobre a mesa do vendedor de quinquilharias na feira de antigüidades da Plaza Constitución em Montevideo. Encontrei-a na sexta-feira, 13/02/2015.
A brisa, um pouco fria, conversava com as folhas dos plátanos. O sol calmo espiava entre os galhos.
A brisa, um pouco fria, conversava com as folhas dos plátanos. O sol calmo espiava entre os galhos.
Viva e bela, lá está a jovem mulher desconhecida de 120 anos atrás. O semblante revela paz. Ou pelo menos resignação. Viver lhe traz algum encanto? Será feliz? Que sonhos acalentará?
Ela vestiu o seu vestido mais bonito pra tirar a fotografia. Sabia talvez que a imagem ia atravessar o tempo e oferecer-se a olhos curiosos no futuro distante.
O retrato caiu do toucador no casarão abandonado da Ciudad Vieja. Muitos anos se passaram na sombra. Um dia entrou num baú e foi levado ao antiquário. Depois à praça onde agora brilham, sob os plátanos, os olhos da bela mulher.
Ela vestiu o seu vestido mais bonito pra tirar a fotografia. Sabia talvez que a imagem ia atravessar o tempo e oferecer-se a olhos curiosos no futuro distante.
O retrato caiu do toucador no casarão abandonado da Ciudad Vieja. Muitos anos se passaram na sombra. Um dia entrou num baú e foi levado ao antiquário. Depois à praça onde agora brilham, sob os plátanos, os olhos da bela mulher.
O que é uma fotografia? Um instante que não se deixa apagar.
Um fragmento de vida congelado no tempo.
Uma face de mulher que não se perdeu graças ao registro.
Pequena eternidade de luz.
_______
Texto revisto, publicado em 14 fev. 2015.