quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Solidão na montanha: furdunço na aldeia

Jorge Adelar Finatto
 
photo: j.finatto

O solitário da montanha eu sou, às vezes. Mas gosto de percorrer o furdunço da aldeia, caminhar pelas vielas entre as bancas de peixe, frutas, flores e verduras.

Gosto de ouvir o alarido das conversas, os músicos, os contadores de histórias, as bailarinas, os saltimbancos.

Tem horas que me refugio na torre do silêncio. Preciso parar, sentir, pensar, digerir o vivido, imaginar, construir pontes, atravessar.

Agora estou aqui com os passarinhos na varanda do escritório. Eles na vidinha deles (que também não é fácil) e eu na minha. Nos reconhecemos pelo olhar e pelo gosto de voar. Eles comem as frutas nos potes, voltam para as árvores, para o seu canto.

Carregamos no coração uma esperança, Íntima e visceral, como o perfume de uma rosa num dia de tristeza.