sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O violão de Ulisses Rocha

Jorge Adelar Finatto 

Ulisses Rocha

 
Um pedaço oco de madeira com algumas cordas. Com isso apenas, o artista é capaz de tanger o infinito. O universo inteiro cabe no som de um violão.

No violão cabem Bach e Tom Jobim, Villa-Lobos e Chopin. No violão cabem as nossas dores e as nossas alegrias.

A nossa partilha e a nossa solidão cabem no violão.
 
Um dia eu quis tocar violão. Este instrumento tem uma maneira de dizer as coisas que as palavras não conseguem. Isso foi há muito tempo.

Não esperava tornar-me um Andrés Segovia ou um Baden Powell, como de fato não aconteceu. Dedilhei o pinho como quem encosta a ponta dos dedos numa estrela distante.

Vivi momentos de felicidade ao dedilhar as seis cordas. Mas tinha pouca desenvoltura.

Percebi que teria mais encanto em ouvir do que em tocar. O amor pelo instrumento, porém, nunca se perdeu.

Nos últimos tempos tenho ouvido os violões de Villa-Lobos, Joaquín Rodrigo, Mario Castelnuovo Tedesco, Segovia, Baden, Paco de Lucía, entre outros.

Mas hoje quero falar de um músico que conheci através de um disco que comprei no mês passado. Trata-se de Estudos e outras idéias, do ano de 2005, com 16 músicas de autoria de Ulisses Rocha.

Nascido no Rio de Janeiro em 1960, tornou-se um virtuose do violão. Faz apresentações no Brasil e no mundo. É professor da Faculdade de Música da Unicamp desde 1990.
 
Ulisses Rocha é um violonista e compositor de grandes recursos.

A sintaxe da frase musical, como a de um poema, é feita de sentimento e técnica. De silêncios e pequenas eternidades harmônicas. É isso que eu espero de um músico e de um poeta. Foi esse apuro em construção que encontrei no trabalho deste artista.

O disco de Ulisses Rocha é um presente para a alma sensível. Ilusão e Rumores, por exemplo, são duas obras-primas do violonista que estão no disco. Mas há outras.

Se você gosta da arte do violão, eis aí um belo momento de talento e musicalidade.