sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O mundo na capa da gaita

Jorge Adelar Finatto


pintura: Maria Machiavelli
Vida difícil em todo lugar. Com raríssimas exceções, ninguém se sente muito à vontade no planeta nos últimos anos, tantos são os problemas, os medos, as violências e inseguranças que nos cercam. O mal-estar se espalha como aqueles círculos que se formam na água quando atiramos uma pedra.

Penso especialmente naqueles irmãos de certas regiões de África, que sofrem com o drama da falta de alimentos, lá onde há gente que morre de fome. Este o quadro mais doloroso.

Fruto de uma desordem mundial, de um esquecer-se do outro, de um culto sem precedentes à vaidade e ao todo poderoso deus do dinheiro e do mercado. Países ricos buscam saídas individuais para a crise da economia "globalizada" (essa que reparte prejuízos e concentra riquezas).

Os salvadores da pátria do "faça como quiser" já não conseguem encontrar soluções para suas casas que desmoronam e seus iates que afundam na baía.

Os mares e as terras do mundo, com sua generosa fertilidade, são capazes de abastecer com relativa facilidade os sete bilhões que seremos até o fim do ano. Mas qual o quê! "Faltam" alimentos para os pobres.

A Europa, quem diria, submete com regras duríssimas as comunidades de economias mais atrasadas da zona do euro.

Aqui no Brasil, onde existem condições para melhorar a vida de toda a população, a corrupção instalada rapina o dinheiro público, esse que faz falta na saúde, na educação, no sistema penitenciário, na cultura, na moradia, na qualidade de vida das pessoas, etc.

Alguém já fez a conta, ainda que aproximada, de quanto os gastos com a indústria da guerra, nos Estados Unidos, são responsáveis pelo afundamento da economia daquele país?  

Por que não se proíbe simplesmente a fabricação, a compra e a venda de armas no mundo? Já existe armamento suficiente para fazer quinhentas guerras mundiais.

Os desastres ambientais se intensificam por fatos do homem. Há países que não têm reservas de água potável para os próximos anos. O que vai ser?

Um pouco de solidariedade poderia salvar muita coisa. Mas, como tudo na vida, só vai acontecer se começar dentro de cada um. Nos pequenos e invisíveis gestos do dia a dia, na relação com as pessoas (colocar-se no lugar do outro), no respeito incondicional à vida e ao bem comum.

Isso tudo é velho e sabido como andar de pé. Mas por que será que não aprendemos?