Jorge Finatto
desfile do Boi Tolo, Rio - Marcia Foletto / O Globo |
Tanto riso, oh, quanta alegria
mais de mil palhaços no salão
Zé Keti, em Máscara Negra, marchinha de carnaval
ESSA ALEGRIA toda nos blocos
de rua do carnaval e penso que é bom que assim seja, as pessoas se divertindo numa
festa coletiva como não há igual. Alegria num tempo de absoluta aflição e poucos motivos para festejar.
Um dia considerei o
carnaval uma festa para alienados. Não acho mais. Todo mundo precisa de
um instante de fuga da realidade. O que são a literatura e a arte senão isto, uma busca desesperada de alheamento do real?
A vida a frio é muito difícil. O ser humano precisa de sonho e invenção. O carnaval revela o lado
lúdico, faceiro, brincalhão e tribal de que tanto precisamos.
O problema não está na
“alienação” dos festins de carnaval. O nosso desastre é não
conseguirmos essa mesma união para mudar o que precisa ser mudado no país, a fim de que todos possam ser um pouco mais felizes durante o ano inteiro.
Não é sendo tristes que vamos
melhorar o Brasil. A alegria é transformadora. Viva, pois, a festa, abaixo a melancolia! E que, na volta à
realidade, encontremos forças para transformar as coisas, dentro e
fora de nós.