Carlos Alberto de Souza
António Zambujo. photo: Rita Carmo* |
António Zambujo vale um banquete, mas saiu por
quilo de alimento não perecível na gostosa noite da quinta (7/11) no Salão de
Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os que foram assisti-lo saíram nutridos com o que de melhor a
música pode oferecer. Cantor maravilhoso, repertório maravilhoso, músicos
maravilhosos.
Em algumas canções, Zambujo lembrou Caetano, pela
afinação, beleza vocal e gorjeios. Mas também lembrou Chico, de quem cantou
Valsinha, um dos grandes momentos do espetáculo, curtido por representantes da
colônia portuguesa de Porto Alegre. E até as onomatopeias de João Bosco se
insinuaram na voz do gajo do Alentejo (por sinal, onde fica a Portoalegre
deles).
Zambujo é de primeiríssima grandeza, mas, pelo que
se viu no palco e após o espetáculo, nos autógrafos do seu CD Outro sentido,
desprovido de estrelismo. Dividiram a cena com ele os virtuoses Ricardo Cruz (contrabaixo) - da estatura de um Jorge
Helder -, Bernardo Couto (guitarra portuguesa), José Miguel (clarinete) e João
Moreira (trompete). Todos tiveram o demorado e reconhecido aplauso da
plateia, que quase lotou o espaço.
O brincalhão Zambujo disse esperar que
tenha sido a primeira de outras apresentações na capital gaúcha. Tomara. Assim
também devem pensar o simpático Wiliam, que veio especialmente de Santos (SP)
para o espetáculo, e o casal Verissimo e Lucia, que aplaudiu o artista
português.
Para terminar, vale dizer que no
segundo e último bis, António Zambujo cantou Foi Deus, de Alberto Janes,
acompanhado apenas do contrabaixo de Ricardo Cruz. Caiu-lhe bem o verso “...Foi
Deus que me pôs no peito um rosário de penas que vou desfiando e choro ao
cantar / Fez poeta o rouxinol / Pôs no campo o alecrim / Deu as flores à
primavera / Ai... e deu-me esta voz a mim”.
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photo do site oficial do artista: