Sou contumaz leitor de jornais. Nesse tempo todo, acho que tenho procurado não propriamente notícias do mundo que é, mas de um outro, mais delicado e venturoso, que infelizmente insiste em não aparecer nas páginas impressas.
Costumo guardar recortes de textos que me tocam, alguns deles nunca saem depois em livro. Há alguns dias peguei pra reler um desses papéis, uma crônica do saudoso jornalista e escritor José Carlos Oliveira (1934 - 1986), intitulada O livro dos analfabetos (Jornal do Brasil, Caderno B, 21 de janeiro, 1981).
Nela, lê-se o seguinte trecho:
Um verdadeiro homem é um poema torto. Um verdadeiro homem não é um santo nem um herói, porque esses são filhos diletos de Deus e neles Deus escreve certo; um verdadeiro homem não é um monge anacoreta, porque este corajosamente se furta à existência erradia, errante e errada que a nossa tribo se compraz em viver ou é induzida, ou conduzida, ou forçada a viver. O verdadeiro homem é experimental (...)
Estimulado por essa bela crônica, fui à livraria e comprei O homem na varanda do Antonio's, crônicas da boemia carioca nos agitados anos 60/70, publicação organizada pelo também jornalista e escritor Jason Tércio e editada pela Civilização Brasileira em 2004.
O livro é encantador. Vale a pena ler o texto bem trabalhado, sensível, perspicaz e brilhante de José Carlos Oliveira (o Carlinhos Oliveira), um dos nossos grandes cronistas.
O livro é encantador. Vale a pena ler o texto bem trabalhado, sensível, perspicaz e brilhante de José Carlos Oliveira (o Carlinhos Oliveira), um dos nossos grandes cronistas.