Sentimental e reservado, ele não era de muita conversa. Um tanto melancólico talvez. Parecia sentir saudade de um mundo que um dia foi de alegria e companheirismo entre seus irmãos siameses. Devia ser um lugar perto do mar, com bastante peixe, alimento predileto.
Quando ainda era um gato bebê, nunca se viu mais chorão. Chegou aqui em casa no inverno, faz cinco anos. O único jeito de parar de chorar era deixá-lo entrar embaixo dos cobertores. Aí se acalmava, queria contato físico, calor humano (não tinha outro gato para se aquecer).
O Bacana tornou-se um adolescente calado, não gostava de reuniões e ruídos. Preferia o silêncio e o recolhimento do escritório a qualquer outro ambiente da casa. Era doce e cálido.
Apreciava também o muro do quintal. E gostava de sentar-se no quiosque em meio a vasos de flores, de onde podia admirar o Contraforte dos Capuchinhos, na lonjura, com suas montanhas azuis.
Caminhava em silêncio pela casa como só os gatos sabem fazer.
Apreciava também o muro do quintal. E gostava de sentar-se no quiosque em meio a vasos de flores, de onde podia admirar o Contraforte dos Capuchinhos, na lonjura, com suas montanhas azuis.
Caminhava em silêncio pela casa como só os gatos sabem fazer.
Às vezes, subia no teclado do computador, com o motorzinho de popa fazendo o rom-rom característico. Queria atenção. Só sossegava quando era acariciado, após alguns minutos.
Nessas ocasiões, sentava na estante perto da janela ao lado do volume encadernado de A Montanha Mágica, de Thomas Mann. Depois descia a escada escarpada, ia para o pátio, silente e esguio como uma sombra.
No final de agosto, teve uma doença que o levou embora. Primeiro foi para a clínica veterinária onde ainda havia esperança (não muita) em sua recuperação. Até que veio o telefonema anunciando a morte.
Ficou o silêncio de seus passos pela casa.
Perdi os olhos azuis e a meiga presença do Bacaninha.
Falta um gato no escritório.
Nessas ocasiões, sentava na estante perto da janela ao lado do volume encadernado de A Montanha Mágica, de Thomas Mann. Depois descia a escada escarpada, ia para o pátio, silente e esguio como uma sombra.
No final de agosto, teve uma doença que o levou embora. Primeiro foi para a clínica veterinária onde ainda havia esperança (não muita) em sua recuperação. Até que veio o telefonema anunciando a morte.
Ficou o silêncio de seus passos pela casa.
Perdi os olhos azuis e a meiga presença do Bacaninha.
Falta um gato no escritório.
A morte de nossos bichinhos de estimação entristece. O gato tem esta presença silenciosa e discreta que eu também aprecio.
ResponderExcluirCuriosamente, hoje recebi um e-mail do Ulisses Tavares comunicando de forma poética a morte de sua cadelinha Ferinha Mel.
Trago este lado ecológico e franciscano em mim. A Natureza e nossos irmãos menores nesta caminhada terreste merecem toda a nossa afetividade.
Quem sabe, mais tarde, tu invista em outro bichano. Não vai ser igual, pois todos tem personalidades, mas é mais um companheiro.
Abraço.
Ricardo Mainieri
Não é fácil, amigo.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras.
JF