domingo, 6 de outubro de 2024

A barbárie infinita

                                                              J.F.

photo: jf


07/10/2023 - 07/10/2024


quinta-feira, 19 de setembro de 2024

O Sol persiste

                                             Jorge Finatto

photo jfinatto, 19.9.24


Atrás da fumaça, o Sol persiste,  saindo de fininho, no fim de tarde. 

Não é espetáculo, é uma denúncia.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Saudade do céu (e do ar pra respirar)

                                                                                       Jorge Finatto


photo: jfinatto


Não bastassem as graves consequências das enchentes de maio, agora vem por cima das nossas cabeças a espessa e sufocante fumaça dos incêndios florestais na Amazônia, Cerrado, Pantanal, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outros lugares.

É triste ver os céus do Rio Grande tomados por essa fumaça sem precedentes. Há diversos dias o azul desapareceu, o Sol se escondeu, a Lua sumiu, a fuligem tóxica se espalhou. O uso de máscaras voltou a ser necessário.

Especialistas preveem o aumento de doenças respiratórias com incremento de mortes. Fala-se, também, que grande parte dos incêndios é criminosa. A flora e a fauna dos locais incendiados padecem brutalmente.

A recente tragédia levou muitas vidas e causou enormes danos (o aeroporto de Porto Alegre ainda não voltou a funcionar). Agora mais isso. O problema não é de Deus, é da turma aqui da planície, no Brasil e em muitos outros países. 

O planeta e a vida nele estão afundando. Não por falta de ciência, mas por falta de consciência. Como não existe Planeta B, é mais do que hora de cuidar desse (pequeno e maltratado mundo azul), enquanto houver tempo.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Reverência ao espírito humano

                                                                                  Jorge Finatto

photo: Hannah McKay , Reuters.

Das coisas que vi nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 a mais impressionante foi o gesto das atletas americanas de ginástica artística, no pódio, reverenciando a ginasta brasileira Rebeca Andrade. As americanas, uma de cada lado de Rebeca, dobraram um dos joelhos e estenderam os braços, saudando a brasileira galardoada com o ouro olímpico. 

Simone Biles e Jordan Chiles enalteceram o espírito olímpico, a competição saudável, o respeito ao outro, colocando a fraternidade e a sororidade como valores acima da disputa. Rebeca retribuiu o gesto segurando as mãos de ambas. Porque, para as três, competir é uma forma de convivência e não de eliminação ou destruição do competidor adversário. 

Ganhar uma medalha olímpica pode ser ótimo, mas mais do que isso o que vale é estar junto, vivendo um momento de prática esportiva baseada na dedicação e na superação. Só é possível essa competição, como é óbvio, porque existe o outro para dividir a experiência.

A reverência de Biles (considerada uma divindade no mundo da ginástica) e Chiles foi o fato mais representativo e belo destas olimpíadas. No esporte como na vida um dia se ganha e noutro, não. 


Não existem vencedores e perdedores definitivos. Uma lição de humildade e transitoriedade que enaltece a todos. O contrário disso é passar o resto da vida numa eterna corrida de espermatozoides que não faz muito sentido.

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Jacus da casa

                                             Jorge Finatto


photo: jfinatto

                              

Jacu, também conhecido pelo nome científico de penélope obscura, é um herbívoro de grande porte que costuma andar quase sempre em dupla. A palavra jacu vem do Tupi e significa "o que come grãos". Quando abre as asas, faz sombra no entorno. 

Ele voam pelo arvoredo da nossa casa, andam no quintal e visitam diariamente a sacada do meu gabinete. Ofereço-lhes bananas e milho.

Os grãos de café recolhidos das fezes do jacu produzem um dos cafés mais caros do mundo.

Dizem que ter jacu por perto favorece a espiritualidade, pois ele possui forte energia espiritual. A ave seria símbolo de coragem, ousadia e conexão com o divino. Não sei de onde vem isso. Mas não importa. O que sei é que é bom tê-los por perto.

terça-feira, 23 de julho de 2024

O tempo das magnólias

                                                                                                                                       J.F.

photo: jfinatto

Inverno é tempo das magnólias que voltam para iluminar os jardins, dos mais humildes aos mais ricos, depois da tenebrosa pandemia, da trágica enchente, das inúmeras e irrecuperáveis perdas. 

Um tempo mais doce do que amargo, o das magnólias. 

Um tempo agridoce, um tempo de esperança.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

As frentes frias

                                            Jorge Finatto

photo: jfinatto

                           

Em meio à difícil e, ao mesmo tempo, prazerosa faina da escrita, parei um momento para ouvir música. O grande maestro e compositor espanhol Joaquín Rodrigo (que era cego) iluminou o gabinete  com sua arte linda e profunda. Foi a conta de ser feliz. Fechei os olhos e deixei o mundo girar...

Recordo que, uma vez, há muitos anos, perguntaram à atriz Tônia Carrero se ela se considerava uma pessoa feliz. Ela respondeu mais ou menos assim (cito de memória): Eu sou feliz algumas vezes durante o dia.

Fiquei com aquela declaração na cabeça, tratava-se de uma sábia síntese existencial. Ora, se até Tônia Carrero tem lá seus momentos de não-felicidade, o que dizer de nós, meros mortais, distantes dos palcos iluminados desta vida...

Dificuldades existem para todos, mas toda a gente pode ser feliz em algum momento.

Em outra feliz percepção filosófica sentenciou o cantor e compositor Odair José,  cantarolando como quem não quer nada: Felicidade não existe: o que existe na vida são momentos felizes.

Faz um frio de congelar até pensamento nos últimos dias aqui na montanha, as famosas frentes frias que vêm lá da Antártida.

A felicidade é um pássaro que habita o coração. Às vezes canta.

Os ares e ventos polares deixam as almas introspectivas...

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photo e texto: jfinatto