Jorge Finatto
Coral. photo by: Linda Wade. Wikipédia |
A parede é espessa e fria. O tempo é circular e monótono como um carrossel. Ela escreve no computador e faz desenhos na caverna moderna onde vive. Em volta do fogo, ela espera.
Às vezes, penetra um vazio na alma, dá vertigem. Então ela bate com o nó dos dedos na parede, como se houvesse uma porta, alguma secreta passagem, como se existisse alguém do outro lado. Precisa acreditar que existe vida. Vida humana, vivente e cálida.
Um coração, uma pessoa como ela entre quatro paredes, quatro décadas, um coração partido em fatias igual o dela, como o bolo caseiro sobre a mesa. O silêncio caseiro.
Nuvens de signos saem do teclado pelo espaço, um grito abafado pela solidão. Talvez exista alguém do outro lado, que também espere como ela, e sinta frio, e queira ir embora com ela dessa cidade trágica e deserta, fugir disso tudo, abandonar o mar morto das cavernas urbanas. Pobres corais sofrendo sozinhos e calados.
Enquanto pensa essas coisas, ela prepara o café da noite.
Enquanto pensa essas coisas, ela prepara o café da noite.
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Texto revisto, publicado antes em 25.11.2010
Já dizia o pernambucano Alceu Valença sobre a solidão:
ResponderExcluirSolidão
Alceu Valença
A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão moderna, do apartamento minúsculo, da noite fria, da tecnologia à disposição e ninguém do outro lado para ser interlocutor.
mas, será que não construímos nossa solidão, esquecendo de pequenas delicadezas diárias, de ir além de nossa zona de conforto, de tentar irmanar-se aos nossos pares?
São perguntas que não tem respostas conclusivas. Buscas instáveis como os sentimentos humanos. Mas, necessárias.
Abraço do Ricardo Mainieri
É isso. Sem perder a esperança de encontrar alguém pra tomar um café na caverna moderna. Um abraço, Ricardo.
ExcluirGrande Jorge, parabéns e obrigado pelas tuas palavras aqui compartilhadas,
ResponderExcluirdo amigo Rodrigo do Josephina Gramado
Meu caro Rodrigo,
Excluirmuito obrigado! Compartilhar palavras, imagens, gestos, sinceridade e amizade é uma bela maneira de viver, embora pouco usual nos dias atuais. O mundo anda difícil, mas o bem vencerá, que nem nos filmes de antigamente... Um grande abraço. Jorge