Jorge Finatto
Não sou fã incondicional dos Beatles. A minha relação com o grupo sempre foi discreta (motivo de preocupação para eles, claro). Não é uma questão de querer ser diferente, mas de gosto. Aprecio diversas músicas, mas não tenho nenhum disco. Um perfeito ser das cavernas.
Mas nada como um dia depois do outro. Acompanhei a passagem de Paul McCartney por Porto Alegre em 2010 (até porque não se falava noutra coisa na imprensa). Ele tinha 68 anos. Posso dizer que fiquei com boas razões para admirá-lo. A começar pelo esforço que fez em comunicar-se em português (muito bem, por sinal) com o público presente ao seu show. Vejo nisso uma manifestação de consideração com as pessoas, tão fãs quanto qualquer súdito da rainha.
Admirável também a sinceridade nas entrevistas, fazendo questão de mostrar-se como a pessoa que é, sem mitologia. Falou sobre seu vegetarianismo, seus filhos, sua carreira. Tratou todo mundo com gentileza, mas sem falsas intimidades. Cantou como se a voz estivesse ainda nos anos 1960. Foi simpático a ponto de, em pleno estádio de futebol lotado, repetir com a telúrica assistência "ah, eu sou gaúcho!".
Uma lição nesses tempos em que o planeta aderna com o peso de tantos egos inflados. Portanto, passei a gostar do cara e curtir seu trabalho. Como é bom poder dizer isso.
No sábado passado, 18 de junho, Paul completou 80 anos. Mando-lhe daqui um abraço (sou aquele que não foi ao seu show).
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