sábado, 4 de agosto de 2012

Cais

Jorge Adelar Finatto

photo: j.finatto


Tem dias em que saímos
com o corpo nu
para alojá-lo na primeira copa de árvore
e chorar longe dos homens

dias em que os desejos
até os mais secretos
sucumbem apagados
na penumbra

tempo de total privação
da carne e do sonho
tardes em silêncio reveladas
intervalo entre dois mundos

olhamos o céu
no quadrado da janela
esperando ver a face de Deus
procuramos Deus
no íntimo da alma e das coisas
precisamos repousar no colo de Deus
sentir suas mãos nos olhos
para amparar a lágrima quente
que por ali verte

tem dias em que estranhamos
o próprio olhar
que amanheceu mais seco
não reconhecemos a rua
onde tantas vezes inventamos o amor
na sombra dos cinamomos

as melhores viagens
ficaram sonhando no cais
enquanto navios partiam
repletos de homens decididos
em busca de cidades felizes

onde andará o menino
que nos visitava nos dias
em que tudo em volta
parecia desabar?

em que gare deserta
perdeu-se o guarda-chuva melancólico
com que meu avô ia à cidade
buscar a porção diária de pão
esperança
e jornal?

tem manhãs em que apesar do sol
não habitamos o claro sentido
de existir
mal percebemos a luz
acalentando o corpo

manhãs em que o carteiro
extravia a carta que irá nos salvar
a notícia tão esperada
que nos revelará
um mundo desconhecido
onde pandorgas falam
e o arco-íris é uma escada
que nos retira do poço

não compreendemos
as mãos cansadas
a boca amarga
com que damos bom-dia aos vizinhos
cumprimentamos os superiores

tem dias em que o isolamento
é tão assombroso
que sentimos tristeza em tudo
principalmente na alegria ingênua
das velhas fotografias
uma dor inevitável
diante dos sonhos da infância

dormimos em quartos de aluguel
projetamos ataúdes de aluguel
as dívidas invadem a porta
os poros

o amanhã ficou torto
na cordilheira dos dias
sem luz

a cidade parou no escuro
sufocou nossos melhores anos
inundou o rio
com seus maus óleos
seu excremento

não merece um verso
sequer uma notícia fugidia
em página de jornal

talvez careça uma bomba
um terremoto
talvez uma flor
povoando o asfalto

estamos um pouco mais tristes
e calados
(um pouso só)

trazemos um gosto de sol
entre os dentes
um resíduo de primavera
na palma da mão
uma promessa de encontro
nos olhos

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Do livro O Fazedor de Auroras, Jorge A. Finatto, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.
photo: Cais de Porto Alegre, j.finatto

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mario Quintana, 106 anos

Jorge Adelar Finatto

photo: Moacir Gomes, 1966

Ser poeta é uma maneira de ser e não de escrever. O leitor de poemas é um poeta sem saber.¹
Mario Quintana

Atravessei o corredor que ligava a redação da Folha da Tarde com a do Correio do Povo, os dois jornais da Companhia Jornalística Caldas Júnior, hoje extinta. Contornei o vetusto elevador, cuja porta se abria que nem uma sanfona metálica, entrei no Correio em busca do meu entrevistado. Devia ser 3 da tarde, ele ainda não tinha chegado. A mesa do poeta estava coberta de livros, revistas, jornais, cartas. Em 1982 eu era um jovem repórter da Folha.

No alto da parede, à direita da ampla sala, a foto ampliada (acima) que eternizou o encontro daquele grupo de escritores, em 1966, na cobertura cultivada com plantas e pássaros do cronista Rubem Braga, no Rio de Janeiro. Da esquerda para a direita: Drummond, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Quintana e Paulo Mendes Campos.

Enquanto aguardava Mario Quintana, conversei com o jornalista Paulo Fontoura Gastal, outro notável daquela redação. O Correio da época era dos melhores jornais que havia no Brasil. A edição dominical (a principal da semana) muitas vezes superava em qualidade jornais do centro do país, como Jornal do Brasil, O Globo, Folha de São Paulo e Estadão. 

Quintana viveu a maior parte da vida em quartos de hotel, o mais lembrado deles Hotel Majestic (depois transformado na atual Casa de Cultura Mario Quintana), na Rua da Praia, não distante do portão do cais de Porto Alegre. Ele era um caminhante contumaz da cidade velha, junto ao Guaíba. Sempre me pareceu que andava como um veleiro no rio, a cabeça levemente erguida, olhar alheio ao movimento, deslizava calmamente, parecendo flutuar.

Naquele nevoeiro
Profundo profundo...
Amigo ou amiga,
Quem é que me espera?²

Nasceu em Alegrete em 30 de julho de 1906, há 106 anos, e morreu em 05 de maio de 1994, em Porto Alegre. É uma das principais vozes da poesia brasileira e um dos importantes tradutores que tivemos. Pela Editora Globo, verteu para o português obras do inglês e do francês, de autores como Marcel Proust, Virginia Woolf, Aldous Huxley, Honoré de Balzac, Voltaire, Guy de Maupassant, Somerset Maugham, entre outros.

O poeta chegou à redação trazendo a sacola que costumava carregar naquele tempo. Sentou-se e pediu-me que lesse as perguntas, cinco ou seis, que tinha feito. Pegou a anotação e começou a responder por escrito, à mão, solícito e bem-humorado, enquanto conversávamos. Com as respostas, voltei para a Folha e fiz a matéria. Infelizmente, tempos depois extraviei o manuscrito.

Em certas tardes perdidas, no café do jornal, vi Mario Quintana sentado diante da indefectível taça de café preto, com o quindim amarelo no pires. Lia alguma coisa, livro ou jornal, ou simplesmente olhava para algum ponto indefinido, caminhando dentro de si mesmo. Nunca me atrevi a interrompê-lo naqueles momentos, que podiam durar uma hora, às vezes mais.

Não tinha pressa de viver nem de escrever. Vivia, escrevia. O primeiro livro, A rua dos Cataventos, veio a lume em 1940, revelando um poeta senhor do ofício. O tempo foi seu aliado e concedeu-lhe numerosos dias para construir a rica obra que deixou.

Uma vez disse: O proletário é um sujeito explorado financeiramente pelos patrões e literariamente pelos poetas engajados. Achava que se um poeta quisesse mudar o mundo deveria candidatar-se a um cargo público, ao invés de escrever versos que os mais pobres não leriam por falta de tempo ou por não saber ler. É verdade que Castro Alves influiu na abolição da escravatura. Mas acontece que Castro Alves era genial e nós temos apenas algum talento

Um homem que viveu em estado de poesia, um hóspede solitário a vagar pelas ruas de Porto Alegre, cidade que tanto amou. Inquilino do mistério, a simples presença de Quintana, entre nós, foi um acontecimento luminoso. Um ser raro, desses que aparecem de vez em quando para nos fazer encontrar e sentir um pouco de beleza.

Não constituiu uma família tradicional, com mulher e filhos, viveu só. No entanto, conquistou uma numerosa e cálida família entre seus leitores e amigos. Nos últimos 20 anos de existência, foi celebrado como grande poeta no Rio Grande do Sul e no Brasil. Teve a merecida ventura de ser reconhecido em vida.

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¹ Entrevista concedida a Vitor Edézio Borges, jornal MJ, da PUC/RS, em 1978.
² Primeiros versos do poema O cais, do livro O aprendiz de feiticeiro, incluído na antologia Poesias, Editora Globo, Porto Alegre, 1977.
³ Entrevista a Geneton Moraes Neto, publicada no caderno Ideias do Jornal do Brasil, em 30 de julho de 1988.

sábado, 28 de julho de 2012

A pátria da língua portuguesa

Jorge Adelar Finatto

Fernando Pessoa nos azulejos do Martinho da Arcada*. photo. j.finatto


Após um tempo sem falar português, num país distante, quando, enfim, entrei no avião da TAP, de regresso a Lisboa e, horas mais tarde, ao Brasil, disse aos tripulantes, na entrada da aeronave: a nossa pátria é a língua portuguesa.

Aquilo saiu assim, de repente, quase um desabafo, ao reencontrar pessoas que compartilham o mesmo idioma, depois de um período de exílio longe da língua.

Minha pátria é a língua portuguesa. A frase de Fernando Pessoa, do Livro do Desassossego, trecho 259, expressa essa verdade cósmica e sentimental: pertencemos à língua que nos viu nascer, essa que sussurrou aos nossos ouvidos, nos instantes inaugurais da vida, o som das primeiras palavras de acalanto e consolo.


Amanhecer no oceano perto de Lisboa. photo: j.finatto

Os membros da tripulação não se mostraram espantados com o palavroso passageiro, ao contrário, aderiram à minha saudação, talvez levados por um sentimento de saudades de Portugal e do Tejo, naquela tarde fria do norte europeu.

A maternal língua de Camões nos lambe desde o berço, como lambeu Pessoa, Vitorino Nemésio, Eugénio de Andrade, Carlos Drummond, Heitor Saldanha, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Henrique do Valle, entre tantos, da mesma maneira que lambe o vendedor de peixe do mercado público de Porto Alegre, a florista da Praça da Aurora, o homem da banca de jornais.

O português cultivado no Brasil enriqueceu-se dos sons e novos sentidos advindos das falas de origem africana, indígena, espanhola e de todos os povos que vieram ao continente brasileiro.

A língua portuguesa, amarga e doce, nos habita, e com ela tentamos nos comunicar no duro ofício de viver, sonhar e sofrer. Essa pátria nos carrega dentro de si aonde quer que nos levem os ventos oceânicos.

A língua é nosso território espiritual no mundo.

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* Café Restaurante Martinho da Arcada, um dos mais antigos do mundo, em Lisboa. Patrimônio Nacional português. Nele Fernando Pessoa costumava beber, jantar e receber amigos no balcão do café (foto acima) e na sua mesa cativa. O proprietário de então, reza a lenda, amigo a admirador do poeta (pobre), não cobrava as suas despesas. Há no local cópias de manuscritos, de fotografias e outros documentos do poeta. Fica na Praça do Comércio (ou Terreiro do Paço), sob os arcos, quase à margem do Tejo.(Jorge Finatto)


quarta-feira, 25 de julho de 2012

A volta do barco de papel

Jorge Adelar Finatto

barco: j.finatto


Saio a navegar no meu barco de papel pra esquecer o mundo.

Eu, quando quero dar férias à realidade, entro no barco colorido e parto em viagem pelo Guaíba.

Dessa vez reforcei a embarcação. Tomei uma folha de papel mais resistente à intempérie, fixei melhor as dobras. Levantei mais a vela. Na parte interna, coloquei utensílios mais leves.

Um forte vento sul, porém, apanhou o barco no meio do rio. Agitou as águas de tal modo que as ondas começaram a jogar o barco pra cima. O pior era a queda livre na volta. O corpo ficou todo dolorido.

Pra piorar a situação, desabou uma tempestade.

Frágil, o barquinho foi se desmanchando. A vela foi a primeira peça a ruir.

Filipo, o papagaio que me acompanha nas navegações, achou que daquela não escaparíamos.

- Vamos morrer, capitán!

- Tenha fé, nobre Filipo -, disse-lhe eu. Não desanimemos numa hora dessas, amigo. As nuvens más haverão de dissipar-se.

O peixinho Moisés, nosso companheiro de aventuras, nadava aflito ao lado do pequeno veleiro.

Quando o barquinho, enfim, se transformou numa pasta branca de papel, eu respirei fundo antes de afundar no Guaíba.

Mas não era dia de morrer.

A ventania, na sua fúria, nos empurrara pra perto da margem.

Ao cair no rio, a água bateu na altura da cintura. Filipo, que estava encolhido e agarrado no meu esquerdo ombro, gritou animado:

- Conseguimos, capitán!

Moisés respirou aliviado, deu um salto de felicidade e voltou para o interior do rio.

A navegação em barco de papel é uma arte.

Como toda arte, tem sua ciência e seus segredos.

O que é preciso pra navegar desse jeito? Bem pouca coisa.

Uma folha branca, lápis de cor, imaginação e um coração quase feliz.

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Texto publicado em 20 de outubro, 2010.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Pergunta a ti mesmo

                               Atapoã Feliz

photo: j.finatto


Ao contrário do que muita gente pensa, todas as coisas, inclusive as inanimadas, têm muita serventia. Até uma simples samambaia de plástico serve para ornamentar uma sala.

Forçoso é concluir, então, que não estamos aqui à toa.

Fixado este ponto, pergunta a ti próprio a que vieste.

Indaga que legado de tua autoria ficará para a Humanidade...

Medita, procura descobrir quais são as tuas tendências, aversões e preferências.

Lembra que desenvolver nada mais é do que retirar o envoltório grosseiro, camada por camada, e com elas livrar-te-ás, em definitivo, das imperfeições, até ressurgir, deslumbrante, o verdadeiro Eu.

Anota que todos os bons pensamentos, convertidos em boas ações, farão a retirada das substâncias toscas sobrepostas, tornando cada vez mais leve o fardo que na tua invigilância colocaste no teu alforje.

Antes de criticares uma obra literária, científica ou artística do teu irmão, indaga a ti próprio se já fizeste algo semelhante. Se a resposta for negativa, não tens capacidade para criticar porque tu és inexperto. Se afirmativa, nem pensarás em censurar um trabalho do teu colega.

Observa que, segundo a Sabedoria Antiga, quanto mais desejares o bem ao próximo e menos para ti próprio, mais leve será o fardo e menor o número de vezes de peregrinação que repetes por insondável evo...

Verás que não será nenhum gesto magnânimo de tua parte; apenas estarás recompondo o que tiraste indevidamente.

Percebe que os obstáculos encontradiços aqui e ali já se repetiram por várias oportunidades e ainda não conseguiste transpor; caso contrário, não reapareceriam.

Não percas tempo com as recordações que te aborrecem; também não deixes os maus pensamentos povoarem a tua mente, verdadeiras âncoras que nos impedem de atingir a meta. Substitui por algo agradável. Sempre que ocorrer um mau pensamento, lembra daquela flor orvalhada ou da sombra de uma grande árvore, tantas vezes quantas forem necessárias, até cessarem as investidas do hóspede pernicioso. Dali para frente, a substituição será automática.

Se ainda não escreveste um livro, não plantaste uma árvore, não fizeste uma música, não pintaste uma paisagem, nem tiraste uma foto,

Dá um sorriso!

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O autor é Desembargador do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.  Compositor, editor do site Omapala, de música:
http://www.omapala.mus.br/

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Violeta foi para o céu

Jorge Adelar Finatto

fonte: divulgação

A vida é mais forte que uma tela, um poema, uma canção. 
Violeta Parra

O filme Violeta foi para o céu, dirigido pelo chileno Andrés Wood, oferece-nos uma visão da história da cantora, poeta, compositora, folclorista e artista plástica Violeta Parra (Chile, 1917-1967). Acaba de entrar em cartaz em Porto Alegre e se trata de um ensaio muito bem elaborado sobre a vida da artista.

Impossível resumir uma vida num filme. Nenhuma vida cabe em tão pouco. O ser humano é muito mais rico, difícil, complexo e secreto. Violeta foi para o céu cumpre a missão de traçar um perfil humano da grande mulher e criadora, chamando a atenção para seu legado. A obra é baseada no livro homônimo (Violeta se fue a los cielos, 2006), do filho Ángel Parra.

O filme não é linear, aborda de forma fragmentada diversos períodos da trajetória de Violeta, com uma sintaxe interessante e ao mesmo tempo tensa. Não mitifica a personagem, mostra-a em diversas faces, como uma pessoa que experimentou o desamparo, a dor, a alegria, momentos de glória, amor, desamor.

Ela, que teve uma origem humilde, nascida em família pobre, desde muito cedo iniciou-se na arte. O pai, professor de primeiras letras e tocador de violão, morreu ainda jovem. Os laços de família, no entanto, eram fortes e amorosos.

photo: cena do filme Violeta foi para o céu. Divulgação

Tendo entre seus irmãos o poeta Nicanor Parra, Prêmio Cervantes de Literatura  2012, o mais importante de língua espanhola, a menina Violeta cresceu no interior chileno, no meio do povo, a tudo observando com curiosidade, dotada de espírito crítico e com uma intuição fora do comum. Além disso, possuía um imenso talento para a criação, na música e artes plásticas (chegou a expor seus trabalhos no Museu do Louvre, em Paris).

Entre as músicas de Violeta que ganharam o mundo, conhecidíssimas entre nós, encontramos Gracias a la vida e Volver a los 17, hinos de vida e sensibilidade. Como artista consciente, ela não ficou indiferente à injustiça contra os pobres e à falta de amor no mundo. Ao mesmo tempo, viu que o amor, às vezes, também pode ser fonte de grande sofrimento.

Destaque especial merece o desempenho de Francisca Gavilán, simplesmente notável no papel de Violeta, a tal ponto que nos leva para o lado de lá da tela, com sua envolvente e intensa interpretação. É como se estivéssemos junto de Violeta, nas trilhas da vida e de suas lindas canções.

sábado, 21 de julho de 2012

Os tempos da casa velha

Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto. casa em estilo enxaimel. Nova Petrópolis


A casa de madeira de pinheiro, onde vivi a infância, está de pé até hoje. Antes de mim, outras gerações viveram nela e outras vieram depois. Talvez, se encostar o ouvido naquelas vetustas paredes, ouvirei ecos de conversas sumidas no tempo.

O poeta Mario Quintana escreveu, em algum lugar, que o problema da arquitetura moderna é que ela não constrói casas antigas. Não é verdade?

Seria possível dizer, também, que o problema do presente é que não traz de volta as pessoas amadas que se foram. O leitor não deve levar em conta a melancolia da frase. Triste seria não ter tempos nem pessoas queridas para recordar.

Poucas coisas me passam um sentimento tão forte de permanência quanto as casas velhas, como essa aí da foto. Cada vez mais raras nas cidades brasileiras, quando vejo uma tenho a sensação de estar diante de um sobrevivente.

A ideia de perenidade, ilusória embora, está no pátio, na pérgula coberta de jasmim rosa, nas folhas de uma parreira ancestral, numa fonte em meio ao jardim. As casas em geral duram mais que seus construtores e moradores. E, cada vez que se derruba uma casa, um bocado de história afunda junto.

Vivemos uma época em que pouco se olha para as pessoas e coisas antigas que ainda restam. Habitamos o eterno presente, como se nada de interessante pudesse haver nem antes e nem depois. Isso não apenas é um erro, como nos remete a uma irrecusável solidão.