Jorge Finatto
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foto: jfinatto. Pocitos. Montevideo. |
O bom de viver
é que nunca alcançamos
o horizonte.
A navegação é infinita.
Os horizontes são efêmeros.
Só o tempo é eterno.
a vida de todos os dias, a que eu sempre quis {textos e imagens: Jorge Finatto}
Jorge Finatto
a Dimitri e Cony
Montevideo es una ciudad grande com hábitos de cidade pequena. Aqui existe a siesta sagrada depois do almoço. Em cada esquina uma fruteira, um mercadinho, uma banca de jornal. Em comparação com Porto Alegre, não existe violência.
O Café Brasilero é parada obrigatória. De 1877, foi lugar cativo de Mario Benedetti e Eduardo Galeano, entre muitos outros poetas, escritores, artistas e livres pensadores em geral. Atendimento cordialíssimo, há anos me sinto da casa. Não existem no mundo melhores medialunas, sucos de laranja e cafés cortados.
Nesta cidade as pessoas encontram tempo para dar-se um tempo. E as livrarias são uma perdição. Não é à toa que nela viveram Juan Carlos Onetti e o Conde de Lautréamont.
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photo: jfinatto
Clara Finatto
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Minha filha Clara, habitante de Montreux |
(Eu sou suspeito pra falar, mas achei o texto da Clara lindo e generoso. E confirmo que a experiência mais importante da minha vida foi e é a paternidade. Bjs., filha querida, e pros meninos Lorenzo e Lucas também. Amo vocês. JFinatto)
Jorge Finatto
foto: Jorge Amado, 1972. Fundo documental: Correio da Manhã, Wikipédia |
Jorge Finatto
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photo: jfinatto |
Jorge Finatto
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pintura: Clara Finatto |
Jorge Finatto
photo: jfinatto. interior de magnólia |
Os antepassados
negros e italianos
rasgaram o oceano
para que eu estivesse
aqui no futuro
olhando o fim de tarde
no horizonte dos muros
não possuo do imigrante branco
a esperança eldorada
nem a saudade triste do preto
em pranto mastigada
sou apenas um homem mestiço
olhando o movimento dos barcos
agora que a noite cai
sobre a cidade
e me surpreendo sonhando
com a fuga
por uma rua sem sol
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Do livro O Fazedor de Auroras, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.