Jorge Finatto
Entre as flores de lavanda o beija-flor exerce sua essência. A vida é breve. Sempre haverá um jardim e um beija-flor para iluminar o dia e parar o tempo.
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photo, texto: JF
a vida de todos os dias, a que eu sempre quis {textos e imagens: Jorge Finatto}
Jorge Finatto
Entre as flores de lavanda o beija-flor exerce sua essência. A vida é breve. Sempre haverá um jardim e um beija-flor para iluminar o dia e parar o tempo.
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photo, texto: JF
Jorge Finatto
A beleza da vida é que sempre há uma estrada nova querendo ser caminhada.
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photo: jfinatto, Canela, RS
J.F.
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Mas certas coisas afastam o desespero, mostram que a vida insiste em não naufragar em meio ao grande deserto das águas.
Como a pomba que voltou à arca com a folha de oliveira no bico mostrando a Noé que as águas tinham baixado, o sanhaço pousou na árvore diante da janela de Clara, no bairro Menino Deus.
E ali ficou olhando um tempo pra ela como a dar-lhe as boas novas, boas vindas, saudando seu retorno ao lar. E Clara maravilhou-se e fez essa foto.
Deus iluminou outra vez a minha filha e o Menino Deus.
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photo: Clara Finatto, 27.5.24.
J.F.
Pra não dizer que o mês de maio foi só essa desmesurada tragédia, eis que surge a flor- de-maio. Em meio à imensa sombra que caiu sobre o nosso Rio Grande do Sul, a flor de maio vem nos trazer um instante de beleza e alumbramento. E, por que não?, anuncia a chegada de melhores dias.
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photos: jf
Jorge Finatto
Imagens: Clara Finatto
Pela rua passa, outra vez, um rio de lembranças no bairro Menino Deus. Voltaram os chaparrões com seu aguaceiro infernal, seus relâmpagos, seus raios e trovões assustadores. É a nova rotina que já ninguém mais agüenta.
Um tempo em que a ciência nada ou quase nada explica e no qual serviços públicos não se mostram à altura dos acontecimentos.
Pela rua flutuam coisas afogadas que pessoas perderam na fuga desesperada. São restos de muitas vidas que vão se distanciando na correnteza.
Quem dorme ao ouvir o vento batendo nas portas e janelas anunciando o naufrágio iminente? Nem os mortos.
Atônitos esperamos um dia azul que nos devolva o Sol e, quem sabe com ele, a esperança.
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As imagens impressionantes feitas por Clara Finatto hoje falam dessa tragédia com rara sensibilidade.
J.F.
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photo: Clara Finatto, bairro Menino Deus, Porto Alegre, maio 2024 |
A árvore pau-brasil, da qual se originou o nome do país, tem muitos galhos, gera sombra generosa nos dias de Sol forte e de seca, tem linda flor e bela cor vermelha em seu interior. É madeira nobre, cobiçada, de lei, e, devido à extração impiedosa, necessita ser protegida.
O Brasil tem, como sua árvore, muitos braços/galhos de diversidade, solidariedade, calor humano, empatia e energia para a urgente luta contra a tragédia, e valor para a reconstrução.
Então o que eu vejo é que o Rio Grande do Sul sai mais forte desse desmesurado desastre, e sai mais resiliente, mais humano e aberto ao futuro. E, sobretudo, sai mais brasileiro.
E o Brasil, com essa enorme capacidade humanitária revelada, sai mais brasileiro também.