Jorge Adelar Finatto
A atribuição do Prêmio Camões 2010 a Ferreira Gullar , em Lisboa, em 31 de maio passado, é o justo reconhecimento ao talento e, sobretudo, ao trabalho de uma vida deste poeta brasileiro. Gullar trouxe para a poesia uma visão de mundo rente à experiência do cotidiano, aos dramas, lutas e esperanças do homem comum. De certa forma, atualizou o verso dando-lhe a face do tempo, com sua linguagem altamente elaborada e, ao mesmo tempo, despojada.
Ferreira Gullar, 79 anos, nascido em São Luís, estado do Maranhão, teve a coragem e a lucidez de trazer ao seu canto vozes que até então estavam caladas. Disse-nos coisas que, antes dele, viviam na sombra. Não fosse por sua arte e seu esforço esse mundo esquecido permaneceria submerso.
O Poema Sujo, livro que lançou em 1976, quando ainda vivia no exílio em Buenos Aires, durante a ditadura brasileira, justificaria, por si só, a entrega desta e de outras honrarias. Se algum valor existe em premiações literárias, sempre discutíveis e tão exteriores ao ofício do escritor, é esse de, às vezes, lembrar com justiça daqueles que emprestaram voz a quem não a tem.
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Foto: Ferreira Gullar. Fonte: site oficial do poeta:
http://literal.terra.com.br/ferreira_gullar/
O Prêmio Camões foi instituído pelos governos de Portugal e Brasil e, desde 1989, vem sendo outorgado a escritores de língua portuguesa.
E eu que ando descobrindo Ferreira Gullar somente agora já achei mais que merecido esse prêmio. Belo post e justa homenagem.
ResponderExcluirAbs,
Carol
Ferreira Gullar vibrando versos em minha juventude. Dentro da noite veloz, Poema Sujo, tantas poesias conscientes e prosa refinada.
ResponderExcluirÉ justo premiarem os poetas em vida. Virando matéria sutil não será a mesma coisa...
Ricardo Mainieri