Jorge Adelar Finatto
O anjo tombou morto
na terra alheia de uma tela
Van Gogh imagina Gauguin
asfixiando o anjo no jardim
com as mãos queimadas de sol
Dali encoberta a face de granito
com o manto de brilhantes
os brilhantes despojados do anjo
Di Cavalcanti entristece: era uma mulata
o anjo assassinado nas cores do jardim?
Portinari retira-se melancólico
Picasso adentra a gruta de um olho
A noite cai pesada de remorso
Nesse instante todos dão-se as mãos
e cantam a canção predileta do anjo
em volta do corpo estendido no chão
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Do livro O Fazedor de Auroras, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.
Foto: J. Finatto
Uma pintura de poema. Angelical!
ResponderExcluirAbraço.
Ricardo Mainieri
A generosidade é um traço de caráter muito raro nos dias de hoje. Ver o outro, então, é quase um milagre.
ResponderExcluirAgradeço o teu olhar, Ricardo.
JF