Jorge Adelar Finatto
o tempo de viver
é o lugar
da elegia
e do milagre
as estrelas cadentes
são nossas irmãs
é preciso devolver
a Deus
a vida emprestada
o que nos vale
nesse desamparo?
a escrita introspectiva
e visceral
do poema
remete ao silêncio
e ao desapego
de tudo que é vaidade
de que tempo nos fala
o poema?
certamente não daquele
que se conta em ampulheta
fala de experiência outra
o coração abrangente
das coisas do mundo
que é o saber próprio
e intransferível
da poesia
é preciso que alguém
desvele o inefável
mostre o que vai além
procure com ternura
o território delicado
o poeta fala por nós
e para nós
a ele devemos
o supremo esforço
de traduzir o que se perde
na neblina
a face da palavra
me salva
na escuridão
do mundo
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Poema do livro Memorial da vida breve, Editora Nova Prova, Porto Alegre, 2007.
Aos poetas é dada esta missão de traduzir os sentimentos intraduzíveis, de refletir sobre a finitude, de, além disso, passar uma tênue esperança, que seja...
ResponderExcluirBelo este poema com sua carga de transcedência e silenciioso desespero.
Abraço.
Ricardo Mainieri
Como sempre, um comentário criativo e percuciente, Ricardo! Abraço.
Excluirachei muito legal e interesante esses poemas !! otimo autor
ResponderExcluirMuito obrigado!
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