Jorge Adelar Finatto
Um livro fascinante, dos melhores que li nos últimos anos. A Longa Viagem de Prazer, contos do escritor uruguaio Juan José Morosoli (1899 - 1957), publicado em outubro de 2009 pela editora L&PM, com tradução de Sérgio Faraco, é dessas obras que lastimamos não ter conhecido mais cedo. São nove pequenas histórias que tratam da vida solitária e comum de homens e mulheres que vivem no interior do Uruguai.
A grandeza humana e dramática que encontramos nesses personagens é a mesma presente nas grandes obras da literatura universal. A poesia pulsa em cada um desses relatos povoados de densa humanidade, nos quais nós, habitantes deste estranho mundo, nos reconhecemos como diante de um espelho.
A grandeza humana e dramática que encontramos nesses personagens é a mesma presente nas grandes obras da literatura universal. A poesia pulsa em cada um desses relatos povoados de densa humanidade, nos quais nós, habitantes deste estranho mundo, nos reconhecemos como diante de um espelho.
A maestria literária de Morosoli coloca-o ao lado de importantes autores do continente americano, como Julio Cortázar, Juan Carlos Onetti, Borges, Guimarães Rosa, Steinbeck. Conforme salienta, com rara sensibilidade, o editor, crítico literário e ensaísta uruguaio Heber Raviolo, no excelente prólogo que escreveu para esta edição, os seres morosolianos "se radicam num lugar, num pago, num pueblo, ou andam pelos caminhos sem destino, sem saber o que buscam e nem se de fato buscam, numa espécie de contemplação de si mesmos ou de sua própria condição. El drama del hombre de este tiempo es tal vez el haber perdido la facultad de sentirse vivir, disse Morosoli, e no tempo estancado, que é o tempo de sua obra, suas personagens parecem empenhadas, obstinadamente, em sentir-se vivas, aferradas, sem o saber, a certas categorias humanas elementares e por isso mesmo essenciais. Viventes de um tempo morto, ou condenado a morrer, é o que poderíamos dizer dos seres morosolianos." (pág. 13). Ainda segundo Raviolo, o escritor deixou uma obra pequena, "mas sólida e absolutamente pessoal", centralizada nos relatos breves.
Juan José Morosoli nasceu na interiorana cidade de Minas e dela nunca saiu. Cedo abandonou os estudos para começar a trabalhar. Entre outros ofícios, trabalhou como atendente de livraria e bazar, foi dono de dois cafés e teve um armazém e depósito de mercadorias.
Resta esperar que outros títulos de Morosoli sejam vertidos para o português e lançados no Brasil. E quem viajar ao Uruguai não esqueça de trazer os livros deste belo autor.
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A Longa Viagem de Prazer, Juan José Morosoli, tradução de Sérgio Faraco, Coleção L&PM Pocket, Porto Alegre, 2009. R$ 11,00.
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