Jorge Adelar Finatto
O resgate de 33 mineiros do fundo de uma mina, a 700 metros de profundidade, no deserto de Atacama, no Chile, mostrou ao mundo, e a cada um de nós, o que podem a boa vontade, a união e a fé das pessoas. Dos 69 dias que passaram lá embaixo, 17 deles foram incomunicáveis. Na escuridão completa ou na semiescuridão, durante todo o período, encerrado no último dia 13 de outubro, os mineiros nos deram uma demonstração de solidariedade, de crença em algo melhor, de obstinada determinação em seguir vivendo, contra toda adversidade.
Quantas vezes nos sentimos irremediavelmente solitários, incapazes de mudar qualquer coisa ao nosso redor e em nossas vidas? Pois aqueles 33 homens do povo - não havia nenhum com pós-graduação, mestrado, doutorado ou pós-doutorado - nos ensinaram coisas esquecidas em tempos de louco egoísmo, consumo, cinismo e total falta de limites na busca de bens materiais e do prazer a qualquer preço.
Havia vários tipos humanos no interior daquele terrível poço. Líderes com incrível capacidade de lidar com a crise, indivíduos amorosos com a família e com os amigos, alguns religiosos, outros mais sensíveis, uns mais otimistas e determinados, um ou outro mais triste, quem sabe até algum desesperado. Mas fizeram uma opção inarredável de continuar lado a lado, lutando até o fim, fosse qual fosse o desfecho.
O ser solidário não significa a eliminação da individualidade. Pelo contrário, é essa rica afirmação de sensibilidades, inteligências e jeitos de ser que nos mantém vivos sobre o planeta ao longo dos seis milênios em que nele habitamos. Mas não podemos nunca perder de vista a importância do com-viver, da empatia, da capacidade de se comover com o nosso semelhante.
A vida só faz sentido na partilha do pão, do sentimento, da esperança. Só assim podemos vencer o medo.
Do fundo da mina, em pleno deserto, o espírito humano demonstrou que pode ser mais forte do que a morte, que juntos somos capazes de sobreviver e ir além.
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Foto: Resgate do último mineiro. Fonte: Ap (copiada do site ultimosegundo.ig.com.br)
Dr. Finatto suas palavras aqui escritas, são pensamentos que fluem na cabeça de inumeras pessoas, eu inclusive e que normalmente não conseguimos nem nos expressar, imagine escrever, mas ao ler suas palavras percebo que não estou sozinho.
ResponderExcluirLindomar Constante
Caro Lindomar,
ResponderExcluirmuitíssimo obrigado pelas palavras e acima de tudo pela tua presença.
Um grande abraço.
JF