Jorge Adelar Finatto
A estrada velha da serra anda em curvas febris, lambe a beirada dos peraus, cai e levanta em vertigem. Plátanos à margem, com folhas novas, lembram bandeirolas ao vento. Bosques de pinheiros surgem aqui e ali. Algum córrego azul atravessa a tarde. O chapéu de palha sob nuvens muito brancas. Imemoriais cercas de taipa habitam o silêncio. A casa de enxaimel sorri com as janelas abertas.
No pátio, o poço de água boa.
No pátio, o poço de água boa.
Um dia o menino adormeceu embaixo do pinheiro grosso. Trazia o balde cheio de ameixas amarelas. Acordou com a chuva suave escorrendo na face. Um cheiro morno de erva do campo impregnava o ar. Lá longe um avião fazia um risco no céu. Em casa o esperava o cheiro de pão feito no forno do fogão a lenha e do café recém passado. A mãe cantava enquanto passava roupa.
Muitos anos depois o menino olha através da janela. A chuva cai mansa no seu coração e molha o retrato.
Muitos anos depois o menino olha através da janela. A chuva cai mansa no seu coração e molha o retrato.
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Foto: J. Finatto. Restaurante Roda Dágua, Nova Petrópolis.
Hum...ameixas amarelas!!! Que gosto bom de sentir no dia...
ResponderExcluirbelíssimo;)
Abraço
Minha poetamiga Mara Faturi por aqui, também!
ResponderExcluirLegal isso!
Assim como esta prosa lírica, memorialista, de uma doçura que a infância em nós torna persistente.
Abraço.
Ricardo Mainieri