Jorge Adelar Finatto
Aos 54 anos, o escritor se despede "para tentar reunir os estilhaços" em que se despedaçou com o passar do tempo, na tentativa de "ver se ainda é possível recompor com eles alguma unidade". Longe dos livros - "sobretudo dos melhores" - e também das cartas, jornais, revistas, televisões, dos amigos e da própria família, Suassuna tentará livrar-se dos "sonhos, quimeras e visões às vezes até utópicas da vida e do real", que o atormentam há algum tempo. (Folha de São Paulo, 16.8.1981)
Abro o jornal de manhã
com aquela notícia: Ariano Suassuna
calou-se pro mundo
o silêncio enche os corações
lota os teatros
embrenha-se entre as anotações
invade as estantes
felino
enovela-se a um canto da sala
gotejando sangue pelos ouvidos
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Poema do livro Claridade, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Editora Movimento, Porto Alegre, 1983.
Quando li este poema, anos atrás, pensei que Adriano Suassuna havia se suicidado.
ResponderExcluirHoje, vejo que ele continua consciente & forte, do alto de seus oitenta anos.
Tive a felicidade de conhecer uma poetisa paraíbana, sua prima.
O Nordeste é muito inteligente, não o que dizem seus detratores paulistano.
Abraço.
Ricardo Mainieri
Ricardo amigo,
ResponderExcluirainda bem que o Ariano nunca se matou, apesar do poema...
O Romance da Pedra do Reino, dele, é uma obra-prima.
Grande abraço.
JF