segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Uma gaivota sonha

Jorge Adelar Finatto


A memória da nave se dissolve no ar.
 
Uma gaivota branca e sonhadora pousa no alto do barco à espera da última viagem.

O ofício de esquecer atravessa as fendas de aço.  A embarcação aderna como um peixe que perdeu as asas.

É duro ser capitão de nau tão desolada.

A cor do tempo, marcas de ferrugem. As escotilhas rotas miram o impossível horizonte.

O colorido infantil recorda felizes partidas ao vento.  Imóvel paisagem nas janelas caladas.

O espectro de Ulisses caminha pelo convés.

Há um barco abandonado no cais.

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Foto: J. Finatto. Barco fantasma com gaivota a bordo. Rio Guaíba, Porto Alegre.

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