Jorge Adelar Finatto
O Prêmio Camões de Literatura 2011 foi atribuído, na quinta-feira, 12 de maio, ao poeta e escritor português Manuel António Pina, 67 anos. O resultado foi divulgado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e o júri justificou a premiação com fundamento na inventividade e originalidade da obra do autor. Ele publicou, entre outros, O país das pessoas de pernas para o ar (infanto-juvenil) e Aquele que quer morrer (poesia).
Manuel António Pina colabora diariamente como cronista no Jornal de Notícias, de Portugal. É bacharel em Direito, tradutor e, no passado, também foi jornalista.
Em entrevista concedida a Sérgio Almeida, do Jornal de Notícias, em 20 de julho de 2010, declarou o poeta:
Não escrevo poesia como escrevo crónicas, profissionalmente. No caso da poesia, sou antes amador, isto é, aquele que ama. Só escrevo poesia quando não posso deixar de escrevê-la. Ou, como Borges diz (acho que é Borges), quando uma espécie de incomodidade, ou de remorso, me força a procurar a poesia. O facto de passar às vezes anos sem publicar poesia não significa que tenha deixado de escrever poesia. Tenho há muito um livro praticamente pronto, reunindo poemas dispersamente publicados aqui e ali, em jornais e revistas, e inéditos. Não tenho é tido tempo (nem pachorra) para trabalhar sobre alguns poemas que continuam à procura de si mesmos. Dois ou três deles estão há anos presos por um único verso; tenho, d e alguns desses versos, inúmeras versões, ou tentativas, mas não são o que procuro. Embora não saiba o que procuro, sei que, quando o encontrar o reconhecerei. Resta-me esperar; não tenho pressa.
Se existe algum valor em prêmios literários, e eles são poucos considerando os escritores existentes, é o de revelar autores de mérito (quando assim o fazem), independente de ações de marketing por parte da indústria do livro. Nunca li nada de Manuel Pina. Mas, diante desta sua declaração, reveladora de um escritor humano e dedicado, vou atrás de um livro seu para conhecê-lo um pouco mais.
O Prêmio Camões é considerado a mais importante distinção em língua portuguesa e, em 2010, o vencedor foi o poeta brasileiro Ferreira Gullar.
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Foto: Manuel António Pina. Fonte: Jornal de Notícias, Portugal.
também nunca li nada dele mas lendo a sua declaração tenho necessariamente que o descobrir. escrevo poesia e revejo-me no dizer de antónio pina "... trabalhar sobre alguns poemas que continuam à procura de si mesmos...Dois ou três deles estão há anos presos por um único verso; tenho, de alguns desses versos, inúmeras versões, ou tentativas, mas não são o que procuro. Embora não saiba o que procuro,...". no meu caso tenho muito mais que dois ou três por finalizar, tenho demasiados, como tal tenho que avançar sob risco de nada ver concretizado!!!
ResponderExcluirhelena nunes
Helena.
ResponderExcluirO fato de teres poemas para trabalhar é muito estimulante. Gosto muito de reescrever as minhas coisas, antes de publicar. Às vezes o texto vem pronto, mas não é nada comum, no meu caso. Se depois de publicar, surge uma ideia melhor, faço mãos à obra. Se nossa versão definitiva como pessoa nunca está completa, que se dirá do escrito ... Como dizia um querido amigo, o bonito é a luta.
Estou tratando de encomendar um livro do Manuel António Pina.
Um abraço.
JF
jf, obrigada pelas tuas palavras. e lendo o que publicaste hoje sobre eugénio de andrade:
ResponderExcluir"Na vida, ter talento só não basta, é preciso trabalhar muito para chegar a algum resultado. Muitos talentos se perdem, nas mais diversas atividades, por falta de entrega e persistência." ... é isso mesmo, falta-me essa entrega e persistência... mas acho que ainda vou a tempo. bem hajas pelo teu blog que o descobri há pouquíssimo tempo e que espero seguir atentamente. espíritos sensíveis não abundam por aí! abraço hn
Helena.
ResponderExcluirSinto, pela maneira como expressas teu amor pela palavra, que tens coisas muito boas guardadas, esperando ver a luz do sol. Eu estou longe de ser um escrevedor de imediatos resultados. Meu livro mais recente, publicado em 2007, levei dez anos trabalhando nele. Se dependesse da literatura pra viver... Não tenho a volúpia da publicação impressa, embora ame livros. É que sou lento mesmo.
O Mario Quintana disse, certa vez, que poeta é mais um modo de ser que de escrever. O mundo está cheio de poetas que não escrevem no papel, pessoas de intensa sensibilidade, escrevem no coração e na mente. Me sinto uma dessas pessoas na maior parte do tempo.
Muito obrigado pela visita e comentários. Continua nos dando a alegria da presença.
Um abraço.
Jorge