Escutar o outro é, talvez, a forma mais elevada de sensibilidade.
O mundo está povoado de seres falantes, que só escutam as próprias razões, num monólogo ensurdecedor. Cada vez tem menos gente disposta a ouvir o outro e a refletir, de coração aberto, sobre o que ele tem a dizer.
O respeito, a empatia, para essas pessoas, não têm voz e nem vez. O que importa é ter razão sempre e impor a própria vontade.
Somos inquilinos do tempo.
Existimos por um momento e depois vamos habitar a memória de Deus (aqueles que creem) ou simplesmente nos esfarelamos e não se fala mais nisso (os que em nada acreditam). A transitoriedade da vida, porém, é comum a uns e a outros.
Alguns, contudo, vivem como se eternos fossem, como se não tivessem de devolver um dia o seu quinhão de vida humana. Sentem-se livres para executar os próprios desejos e torpezas não importa a que custo. O mundo é seu. A todos querem submeter e devorar com a urgência dos vampiros (tão em voga, aliás, hoje, nas telas). Existem sem qualquer noção de limite, nenhuma ideia de bondade com o semelhante (e, menos ainda, em relação ao diferente).
O que fazer sobre isto?
De minha parte, estou empenhado em arrumar a casa do ser. Sonho e trabalho, de sol a sol, para mantê-la limpa, com ar fresco e o claro aroma das manhãs. Espero que as pessoas se sintam acolhidas nesta casa simples, com flores da estação na janela.
Sei que é possível ser solidário e atento ao próximo, ainda que o espaço para generosidades esteja cada vez menor (para muitos, é preciso ganhar sempre e de qualquer jeito, não importa a forma).
Todos estamos empenhados na árdua tarefa da sobrevivência. Mas isso não justifica a violência que vemos em todos os níveis, explícita ou dissimulada.
O sofrimento é filho da injustiça, da prepotência, da vaidade e da indiferença. Toda busca de poder sobre os outros é perversa.
Podemos viver ao lado das pessoas e não contra elas. Amorosamente, honestamente.
Podemos viver ao lado das pessoas e não contra elas. Amorosamente, honestamente.
Enquanto estamos vivos, sentemos em volta da mesa comum do tempo para a partilha da palavra.
A partilha do pão, a partilha do abraço.
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Foto: J. Finatto
q bom ler emoções na internet e ver imagens fotografadas, como as de folhas outonais, com tanta sensibilidade. e tb reencontrá-lo aqui, nós q somos dos tempos do jornalismo de porto alegre. cumprimentos ecléa berenice (não anônima, como podes ler)
ResponderExcluirEcléa.
ResponderExcluirÉ bom te encontrar neste modesto espaço (um blogue primitivo, onde ainda se ouve o rumor da água batendo nas pedras e folhas do córrego).
Fica à vontade.
Um abraço.
JF
"dirigível de Nefelindo Acquaviva, o pioneiro da aviação em Passo dos Ausentes"
ResponderExcluirahaha
Que alegria que dá ler histórias criativas e fascinantes como essas suas, Adelar!
Sou leitor de seu blog não faz muito tempo e não sei se há mais textos retratando a cidade e os habitantes de Passo dos Ausentes. Muito me interessa ler mais.
Agradeço desde já...
tanto qto as palavras, as imagens q captas e socializas conosco são impressionantes.continua assim, alimentando de emoção ao q chamas "blogue primitivo" .abs eclea berenice
ResponderExcluirObrigado pela presença. Sim, há diversas crônicas sobre a cidade e seus habitantes.
ResponderExcluirJF
Cara Ecléa.
ResponderExcluirObrigado pela atenção e visitas. Os teus comentários são importantes.
Um abraço.
JF