Em Montevidéu, até os grafites têm espírito. As inscrições públicas nas ruas montevideanas não perdoam a superficialidade. Uma vez lidas, não deixam o caminhante em paz.
Pressentindo que seria um absurdo virar simplesmente as costas e ir embora, resolvi fotografar e trazer comigo a inquietante frase.
Hay vida antes de la muerte?
Hay vida antes de la muerte?
Não bastassem as perplexidades e angústias de cada dia, acrescentei agora mais esta ao meu baú de assombros.
Afinal, haverá mesmo vida antes da morte ou seremos apenas tristes fantoches com a boca rasgada e olhos opacos às voltas com o anonimato, o desamparo, a solidão?
O que sei é que há dias em que me sinto vivo. Parece que a morte ainda não foi inventada. Em outros, contudo, viver não vale um caco colorido de vaso quebrado.
Afinal, haverá mesmo vida antes da morte ou seremos apenas tristes fantoches com a boca rasgada e olhos opacos às voltas com o anonimato, o desamparo, a solidão?
O que sei é que há dias em que me sinto vivo. Parece que a morte ainda não foi inventada. Em outros, contudo, viver não vale um caco colorido de vaso quebrado.
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Foto: J. Finatto
Mais sobre a arte do grafite no texto Basquiat, anjo caído, de 28 de novembro, 2010.
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