A música instrumental brasileira é muita rica. Os nossos virtuoses são, em geral, inspirados e criativos. O chorinho é um gênero de música essencialmente brasileiro, tão nosso como o samba. Como tudo que é bom e verdadeiro, tornou-se universal.
Do choro já se disse que se trata da música erudita do Brasil, pelo refinamento das construções melódicas e apuro na execução. Ao mesmo tempo, tem uma certa leveza, uma alegria de ser e de estar no mundo que cativam o ouvinte.
Estava garimpando algo novo no setor de discos instrumentais quando avistei o cd Naomi vai pro Rio. Resolvi escutar um pouco. Fiquei muito feliz com a escolha (escolher discos, como livros, é um tormento, pois cada escolha implica, também, uma perda, como em todo o resto nesta vida breve).
Impossível traduzir em palavras a música. Não sou especialista, mas um amador curioso com algumas horas de voo. O disco de Naomi Kumamoto merece ser ouvido com a calma. Com um pequeno detalhe: Naomi é japonesa, nascida em Kobe, formada em flauta na Universidade de Pedagogia de Osaka, tendo trabalhado durante anos em orquestras sinfônicas do seu país.
Um dia Naomi descobriu o choro, num disco de Altamiro Carrilho, e apaixonou-se. Durante cinco anos estudou o gênero sozinha, ouvindo discos. Tornou-se ela própria compositora de choro. A história culminou com sua mudança para o Rio de Janeiro, onde mora desde 2004. Dedica-se a tocar seu instrumento, a flauta, compor e ensinar música, desenvolvendo parcerias com importantes músicos brasileiros. Também colabora com instituições do nosso país, como a Escola Portátil de Música, na qual leciona.
Neste disco fica claro o acerto de Naomi em vir para o mundo do choro, revelando-se compositora refinada. Cria com muito talento, muita delicadeza e emoção. O cd tem 16 músicas, sendo 13 de autoria de Naomi. Melodias belas, na tradição de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Chiquinha Gonzaga e Heitor Villa-Lobos, entre outros.
A música dispensa fronteiras e nacionalismos. Seu único território e pátria é o coração das pessoas. Vale a pena testemunhar o encontro do choro, nascido no Brasil, com a sensibilidade e a técnica desta artista da Terra do Sol Nascente. Todos saímos ganhando com o resultado dessa união.
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Fotos: 1) Naomi Kumamoto e 2) cd da artista. Fonte: naomikumamoto.blogspot.com
Vamos dar uma olhada nesta "japinha", Adelar.
ResponderExcluirDizem por aí que o choro é o jazz brasileiro. Então.
Abs.
Ricardo Mainieri
O trabalho da Naomi é muito bonito.
ResponderExcluirVale a pena conhecer.
Um abraço, Ricardo.
JF