Jorge Adelar Finatto
photo: j.finatto |
Um pedaço de ti rompe a neblina.
Carlos Drummond de Andrade
Quem te acolherá
na distante cidade
que agora dorme
emoldurada
sob antigas luzes
abandonada
em si mesma?
atravessas o Atlântico
e gotas do mar
grande mar da diáspora
enchem teus olhos
quem tocará tua face
quando lá chegares
insone e áspero
no meio da ventania?
na cidade estrangeira
haverá alguém
esperando
em solidária vigília?
dói a memória
dos que partiram
e partindo perderam-se
no sombrio traçado
de um mapa rasgado
és palavra
na tenebrosa
escuridão
que te cerca
______________
Do livro Memorial da vida breve, Editora Nova Prova, Porto Alegre, 2007.
Adelar, a viagem física em direção a um país estrangeiro nos causa apreensão e questionamentos.
ResponderExcluirAssim, como o trajeto em direção ao Outro, estrangeiro que nos cerca no cotidiano, do qual só temos em comum o idioma, visto que os contatos genuinamente humanos escassearam...
Belo e sensível poema.
Abraço.
Ricardo Mainieri