O que é um escritor sem leitor?
Poucas coisas são tão solitárias quanto o ofício de escrever. O processo todo acontece a capela. Não há testemunhas dessa luta. É um trabalho que se faz em silêncio, com persistência e recolhimento.
O ato de escrever encerra uma grande incerteza: haverá ou não leitor do outro lado. O esforço poderá dar em nada.
Existe cada vez mais gente escrevendo e publicando. Publica-se hoje como nunca. Além da publicação em papel, temos agora o ambiente virtual.
A abundante oferta de textos faz com que o leitor se torne um artigo de luxo.
A abundante oferta de textos faz com que o leitor se torne um artigo de luxo.
Nenhum autor tem paciência de esperar pela posteridade. A procura de reconhecimento, por parte de quem escreve, é natural como em qualquer outra atividade.
O escritor vivo tem de lutar por um lugar ao sol, não apenas entre os contemporâneos, como entre uma infinidade de autores mortos.
Há aqui uma visível desproporção. Se por um lado existe uma legião de escritores, por outro, entre os leitores, só podemos contar com os vivos...
A luta do escritor começa na ideação e vai até a produção do texto, com todas as circunstâncias e incertezas que cercam o ato de criar. Mas não se esgota aí. Quando, enfim, consegue mostrar o resultado, resta saber se o trabalho contará com a atenção do sempre difícil, exigente, esquivo, disputado e raro leitor.
Uma possível resposta à pergunta inicial: um escritor sem leitor é um músico tocando para uma sala escura e sem ninguém.
Manhã pulsando no breu.
Manhã pulsando no breu.
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photo: j. finatto
photo: j. finatto
A poesia pulsa no ciberespaço e, como na física, ela vai encontrar num momento alguém que vibre na mesma pulsação dela.
ResponderExcluirAlém de ler e comentar vou fazer minha parte de poeta-cumplíce. Vou te lançar no ciberespaço do twiter e do facebook. Quem sabe, assim, este belo texto não fique reverberando no breu.
Abraço.
Ricardo Mainieri
Eis aqui um leitor que adorou o texto.
ResponderExcluirHá braços!!
Ricardo.
ResponderExcluir"Reverberando no breu", em si, é uma bela ideia de poema. Passamos grande parte do tempo fabricando manhãs contra o escuro.
Obrigado pela cumplicidade.
Um forte abraço.
JF
Mauro.
ResponderExcluir"Há braços", feliz ideia de gente caminhando e se vendo.
Um grande abraço.
JF
Mauro é o taxista-escritor, das segundas-feiras no Diário Gaúcho. Vale a pena acessar seu blog http://www.taxitramas.blogspot.com
ResponderExcluirRicardo.
ResponderExcluirEstive no blogue do Mauro e gostei muito do trabalho dele.
Ele, na verdade, é um escritor disfarçado de taxista. O táxi é um barco que ele utiliza para navegar no rio de onde pesca suas histórias.
Um abraço.
JF
Para isto existe a propaganda, é ela que despertara o interesse do leitor . Tem um ditado que diz "a propaganda é a chave do negócio".Infelizmente tem muita gente que acha que é escritor e dana a escrever livros, e o povo compra (serão leitores de verdade?). Mas esses não são leitores de verdade e não livros de verdade). Livros de verdade tem alma. A maioria dos livros repetem frases comuns, fico sem saber se o tradutor é que é muito ruim ou o objeto a ser traduzido é que não tem qualidade. Como ensinar alguém a escrever um livro, não é o mesmo que aprender a ser um escritor. O escritor nasce com a alma de escritor, não se aprende a ser escritor em uma sala de aula ou lendo um manual de como escrever. Existem escritores de um livro só, como também existem escritores que nunca escreveram um livro. Em compensação tem muitos livros sem alma, porque não foram escritos por escritores.
ResponderExcluirValeu, Regina. Muito obrigado. Abraço.
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