quarta-feira, 20 de junho de 2012

O cinamomo

Jorge Adelar Finatto

photo: j.finatto


Existe um edifício na rua Dona Eugênia, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre, que tem um pequeno jardim na frente. Neste jardim vive um velho cinamomo.

Passei por lá no último sábado, o tempo estava um pouco nublado e frio. Me dirigia à banca de jornal que tem ali perto, onde costumo ir quando estou pela cidade.

Sempre que passo naquele lugar olho para o meu amigo cinamomo. Às vezes me pergunto se ele ainda se lembra de mim. Eu jamais pude esquecê-lo. Morei naquele edifício quando tinha nove, dez anos.

O cinamomo fazia parte das brincadeiras da meninada do prédio e da rua.

Pouca gente sabe - até porque existem hoje poucos cinamomos - mas essa árvore tem minúsculas flores que, na primavera, produzem um dos mais doces e suaves perfumes que conheço.

O meu velho cinamomo está lá, florido, soltando seu perfume em mais uma primavera das nossas vidas. A todos distribui seu aroma generosamente.

De certa forma, somos sobreviventes de um tempo e de um jardim.

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Texto publicado em 27 de setembro, 2010.

2 comentários:

  1. Tal qual o sol, que a todos - justos e injustos - esparge generosamente os seus raios, conforme a Sabedoria Antiga, o cinamomo, como diz com propriedade o poeta e colunista, também distribui o seu dulcíssimo aroma. Mas fico a pensar: por que será que os seus frutos são tão amargos e malcheirosos?
    Grande abraço, Jorge.

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  2. Na minha infância, tinha tanto cinamomo nas cidades aqui do Rio Grande que eu não dava muita importância. Até o dia em que descobri suas flores pequeninas e altamente perfumadas. Um encanto a iluminar as ruas. Do fruto, só conheço aquelas bolinhas verdes e confesso que não sei o gosto ou cheiro, lembro apenas que se usava para atirar uns nos outros.

    Um grande abraço, amigo.

    JF

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