quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Raios riscam a escuridão e assustam o silêncio

Jorge Adelar Finatto


Imagem: site da Secretaria Nacional de Defesa Civil:
http://www.defesacivil.gov.br/desastres/recomendacoes/raio.asp
 
 

As nuvens são fábricas de raios.

Escutei no rádio que entre a noite de domingo e a madrugada da segunda-feira caíram sobre o Rio Grande do Sul 5.344 raios devido às tempestades. Existe um órgão estatal encarregado de verificar a eletricidade na atmosfera que apura o fenômeno. Junto com os raios veio chuva de granizo com algumas pedras do tamanho de um ovo.
 
Conforme se noticiou, o Rio Grande do Sul é o 4º estado com maior incidência de raios no país, 5 milhões, 180 mil descargas por ano.
 
Em Passo dos Ausentes, raios, trovões, relâmpagos nos afligem o ano inteiro.  Quando o tédio é muito lá no céu, as autoridades celestes mandam uns raios sobre nossas cabeças, mesmo em dias de sol e pouca nuvem, só pra ver o pessoal levar um susto e não esquecer quem manda.

Os ateus passam mal aqui nos Campos de Cima do Esquecimento, porque não conseguem explicar, através da razão, as coisas fora do entendimento que nos acontecem. Não bastassem as angústias normais da vida de todo vivente (de onde venho, para onde vou?), eles ainda têm de engolir em seco o que está além das aparências.
 
Não sei como os técnicos do governo fazem pra contar as descargas elétricas. Os dados divulgados são minudentes: 5.344 raios, em poucas horas, nem mais nem menos.

Haverá o cargo público de contador de raios? Acho que não. Ofício assim tão perigoso e barulhento, quem havia de querer? Sei lá.
 
O que sei é que há mais mistérios entre o risco do relâmpago e a escuridão das almas do que supõe a nossa vã sabedoria.
 

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