Jorge Adelar Finatto
Margaret Atwood. Foto do site oficial da escritora* |
Estou lendo um livro muito interessante da escritora canadense Margaret Atwood, nascida na cidade de Ottawa em 1939. Trata-se de Buscas Curiosas**, conjunto de textos avulsos nos quais a autora aborda assuntos relacionados a sua experiência de escritora e leitora, desde a infância até a maturidade.
Os textos ocasionais, como os chama, foram escritos no período de 1970 a 2005.
Os textos ocasionais, como os chama, foram escritos no período de 1970 a 2005.
Nunca tinha lido nada desta autora que é poeta, romancista, contista, ensaísta e roteirista. Entre suas premiações estão o Booker Prize de 2000 por O assassino cego e o Príncipe das Astúrias de 2008. Peguei o livro na estante da livraria levado pela intuição, gostei do título e da capa, li alguns trechos ao acaso (a força do acaso) e acabei comprando.
Não me arrependi. Margaret Atwood é uma escritora obstinada no seu trabalho e uma observadora que lança luzes generosas sobre aquilo que escreve.
Não me arrependi. Margaret Atwood é uma escritora obstinada no seu trabalho e uma observadora que lança luzes generosas sobre aquilo que escreve.
Ela não mitifica o ato de escrever, tem uma visão realista do ofício. Ao mesmo tempo, é capaz de voar com as palavras e olhar o mundo lá do alto com ternura. Escreve simples e claro.
Chamou-me a atenção, entre outros, o texto Nove começos, em que fala sobre os problemas que as mulheres escritoras enfrentam diante de certa mentalidade preconceituosa. Diz ela:
"É preciso ter uma quantidade considerável de coragem para ser escritora, uma coragem quase física, do tipo que se precisa para atravessar um rio sobre troncos flutuando. (...)
Uma proporção de fracassos vem embutida no processo de escrever. A lata de lixo não evoluiu sem motivo. Pensem nela como o altar da Musa do Olvido, a quem você sacrifica seus primeiros rascunhos malsucedidos, as provas de sua imperfeiçao humana. Ela é a décima musa, aquela sem a qual nenhuma das outras pode funcionar. A dádiva que ela lhe oferece é a liberdade da segunda chance. Ou de tantas chances quantas você quiser arriscar."(pág. 167).
Nada como ouvir alguém que tem algo a dizer sobre a difícil condição do escritor e o faz de forma tão lúcida quanto inspirada. Margaret Atwood fala de verdades que se aplicam a mulheres, e também a homens, que se lançam no turbulento e belo caminho da escrita.
Agrada-me a sinceridade com que a escritora encara os mais diversos assuntos, discorrendo com desenvoltura a respeito de livros, autores e situações vividas. O livro prende a atenção e em nenhum momento se mostra pesado, pelo contrário, nos leva por paisagens variadas com profundidade e sutileza.
Uma proporção de fracassos vem embutida no processo de escrever. A lata de lixo não evoluiu sem motivo. Pensem nela como o altar da Musa do Olvido, a quem você sacrifica seus primeiros rascunhos malsucedidos, as provas de sua imperfeiçao humana. Ela é a décima musa, aquela sem a qual nenhuma das outras pode funcionar. A dádiva que ela lhe oferece é a liberdade da segunda chance. Ou de tantas chances quantas você quiser arriscar."(pág. 167).
Nada como ouvir alguém que tem algo a dizer sobre a difícil condição do escritor e o faz de forma tão lúcida quanto inspirada. Margaret Atwood fala de verdades que se aplicam a mulheres, e também a homens, que se lançam no turbulento e belo caminho da escrita.
Agrada-me a sinceridade com que a escritora encara os mais diversos assuntos, discorrendo com desenvoltura a respeito de livros, autores e situações vividas. O livro prende a atenção e em nenhum momento se mostra pesado, pelo contrário, nos leva por paisagens variadas com profundidade e sutileza.
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*Margaret Atwood:
http://www.margaretatwood.ca/index.php
**Buscas Curiosas, Margaret Atwood. Tradução de Ana Deiró. Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2009.
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