Lorenzo Finatto
A notícia triste diz:
O vocalista da banda Charlie Brown
Jr., Alexandre Magno Abrão, o Chorão, morreu na madrugada desta
quarta-feira em seu apartamento no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São
Paulo. Chorão tinha 42 anos e foi encontrado desacordado por seu motorista,
segundo informações da assessoria da banda. A causa da morte ainda é
desconhecida. A polícia foi chamada ao apartamento para fazer o trabalho de
perícia e o corpo de Chorão foi levado ao IML na manhã desta quarta-feira para
ser determinada a causa da morte. (publicada em http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/chorao-do-charlie-brown-jr-morre-em-sao-paulo)
Eu não era um fã da banda, tinha, mesmo, certo
preconceito ao som que faziam – não achava bom o bastante. Fui “treinado” para
pensar que nada menos do que Tom Jobim fosse digno de grande admiração. E,
entre as bandas de rock brasileiras, Charlie Brown Jr. não estava entre as
minhas preferidas.
Há uns 2 anos, porém, distraído, mexendo no rádio
do carro, num desses engarrafamentos intermináveis no trajeto casa-trabalho, de
repente ouço os seguintes versos:
Eu quero estar amanhã ao seu lado quando você acordar
Eu quero estar amanhã sossegado e continuar a te amar
Eu quero um sonho realizado, uma criança com seu olhar
Eu quero estar sempre ao seu lado, você me traz paz
Eu quero estar amanhã sossegado e continuar a te amar
Eu quero um sonho realizado, uma criança com seu olhar
Eu quero estar sempre ao seu lado, você me traz paz
Pronto. Distraído do meu preconceito, deixando
rolar, como se diz, preocupado menos com parâmetros rigidamente estabelecidos e
mais com o que o coração reclamava, me deixei levar.
Os versos da canção, composição do próprio Chorão (Uma criança com seu olhar, do álbum Ritmo, Ritual e Responsa, de 2008, EMI),
me arrebataram. Dali em diante, passei a acompanhar de perto o
grupo.
Daí minha tristeza profunda pela morte do artista.
Pelo que se pode concluir nesses primeiros
momentos, o vocalista foi vítima de uma overdose de drogas. Outro jovem
talentoso (não aparentava nem de longe os 42 anos, até pelo seu visual skatista) que vai embora cedo demais.
E isso numa sociedade como a nossa, em que a droga
está enraizada quase que de maneira invencível. Uma pena, uma tristeza.
Eu quero um sonho realizado, uma criança com seu olhar / Eu quero estar sempre ao seu lado, você me traz paz.
Versos que Tom Jobim certamente abençoaria.
Eu quero um sonho realizado, uma criança com seu olhar / Eu quero estar sempre ao seu lado, você me traz paz.
Versos que Tom Jobim certamente abençoaria.
Lorenzo Finatto é advogado em Porto Alegre.
Uma criança com seu olhar:
Grande artista que prematuramente nos deixa! Grande perda! Sempre há espaço para a diversidade cultural. ótimo texto! Renata Sampaio
ResponderExcluirO filho puxou ao pai, sabe se expressar bem e tem um olhar crítico sobre a realidade.
ResponderExcluirIncentive-o, sempre, Adelar.
Abs.
Ricardo Mainieri
Obrigado, caro Mainieri, pelas palavras de incentivo.
ResponderExcluirMinha presença no blog tem sido bastante esporádica - o Chefe de Redação é muito exigente, e me manda reescrever até que fique "publicável", como ele diz.
Assim, fico muito feliz com teu comentário, que colho com humildade e como grande incentivo pra continuar dando os meus pitacos.
Grande abraço,
Lorenzo
As músicas realmente eram muito boas. O que tinha para ser perfeito acabou se perdendo para um dos piores males daqueles que da fama experimentam: a depressão unida à droga. Bom texto, continue seguindo os passos e conselhos do pai, tens tudo para ser como ele!
ResponderExcluirCaro "Anônimo",
ResponderExcluirObrigado por sua visita e comentário.
Continue participando,
Abraço,
Lorenzo