Jorge Adelar Finatto
photo: j.finatto. Canoa no Guaíba |
Diante de Porto Alegre, atravessa lenta e quase invisível uma canoa.
Vista do continente, parece uma figura saída de um velho livro de fotografias. Recordação de um passado distante.
Observo-a deslizando no rio, em mansa e agonizante viagem em direção ao crepúsculo.
O homem atrás do peixe e do repouso.
O pescador e o peixe à sombra da cidade desolada.
O observador, na beira do rio, alimenta a ilusão de beleza e permanência do instante.
O olho faminto registra o calado movimento, a passagem da canoa em seu delicado itinerário.
Nenhuma imagem é tão bela como a cidade espelhada no seu rio.
A canoa, a cidade, o homem, o peixe, habitam o efêmero.
Todos rumo ao oblívio.
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Texto revisto, publicado antes em 24, fevereiro, 2012.
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