Nascer em Passo dos Ausentes é uma condenação ao degredo eterno. Essa cidade não está sequer no mapa do Rio Grande do Sul.
Somos seres perdidos no vento.
Somos seres perdidos no vento.
A situação em que eu, Filipe Penaverde, me encontro: abismado e solitário, poeta lírico, 21 anos, lúcido e à margem. Trago perplexidades que não querem silenciar.
Quanto mais eu penso mais eu quero sumir desse lugar. Mas ir pra onde? Viver do quê?
A solidão não é um problema geográfico, eu sei. É no interior da alma que ela habita. Estamos sozinhos em toda a parte. Uma espécie de cósmico exílio.
Quanto mais eu penso mais eu quero sumir desse lugar. Mas ir pra onde? Viver do quê?
A solidão não é um problema geográfico, eu sei. É no interior da alma que ela habita. Estamos sozinhos em toda a parte. Uma espécie de cósmico exílio.
Por aqui não existem outros da minha idade, exceto uns quatro ou cinco beirando os trintanos. Os que não estão muito velhos estão de partida para o além.
Um cansaço existencial viver aqui no fim do mundo.
Um cansaço existencial viver aqui no fim do mundo.
Muitos abandonaram a cidade em busca de um futuro. Mas que futuro? Eu escolhi ficar nesse ambiente demasiado esconso, demasiado ventoso e perdido, porque tenho medo do lado de lá das montanhas.
Espero que Deus não me abandone nessa lonjura.
Espero que Deus não me abandone nessa lonjura.
Fica perto de quê, alguém pergunta. De lugar nenhum.
Passo dos Ausentes é um pueblito no frio. Um cochilo do Senhor na criação do mundo.
Passo dos Ausentes é um pueblito no frio. Um cochilo do Senhor na criação do mundo.
Estou no meu caminho de angústia voando entre abismos. Don Sigofredo de Alcantis, filósofo-mor, diz que é assim mesmo, mas que depois tudo vai melhorar. Quem me dera.
Peneiro o invisível até encontrar a saída luminosa.
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Filipe Guilherme Telles Correa dos Santos Penaverde é jovem poeta e secretário da Sociedade Literária, Filosófica, Artística, Histórica, Geográfica, Astronômica, Antropológica, Musical e Antropofágica de Passo dos Ausentes.
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