Jorge Adelar Finatto
photo: Fernando Pessoa fonte: Casa Fernando Pessoa* |
Um escritor disse que a língua portuguesa tem pouco alcance, é entendida por um número reduzido de leitores no planeta. Lamentou que estamos muito longe da realidade de quem escreve em inglês. Ficamos circunscritos aos países que têm o idioma de Fernando Pessoa como língua oficial, além de antigos enclaves portugueses como Goa e Macau.
Pois eu não sofro essa angústia. As minhas inquietações de escritor amador - no duplo sentido de quem ama o que faz e não sobrevive deste fazer - são mais modestas. Não me tira o sono a maior ou menor influência de escritores de dicção portuguesa no mundo. Não faço, aliás, distinção entre autores a partir do idioma em que escrevem ou da nacionalidade, mas a partir do sentido de suas palavras.
O português é a nossa língua do coração. É através dela que expressamos nosso ser no mundo. É um prazer imenso falar, ler e escrever na língua de Camões, João Guimarães Rosa, Cartola, dona Maria Antônia da floricultura.
Estou mais preocupado com o fato de viver num país com quase 200 milhões de almas e que tem tão poucos leitores. Me entristece não ser lido por pessoas que falam a minha língua e que moram na mesma rua que eu, no mesmo bairro, na mesma cidade e até no mesmo edifício.
A questão que me toca diz respeito à pouca participação, na vida cultural, das populações dos países de expressão portuguesa, fruto do atraso que também atende pelo nome de injustiça social nesses lugares.
Claro que gostaria de ser lido em Paris, Tóquio e Londres, mas já estou me preparando para não ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. A menos que haja uma revolução no mundo das letras, a começar pela descoberta, por parte de meus vizinhos, de que eu escrevo.
Tudo leva a crer que continuarei desconhecido no meu próprio idioma. (Mas se daqui a cinco minutos, ou três mil anos, alguém se debruçar sobre estas linhas, acho terá valido a pena.)
No fundo, no fundo, penso que livros e autores, como todo o resto, estão votados ao esquecimento, com raríssimas exceções. Mas ninguém deve desanimar por isso.
A língua portuguesa e seus escritores têm um lugar no mundo. Esse lugar será tanto mais importante quanto maior for nossa capacidade de formar cidadãos e leitores em nossas sofridas nações.
Tudo leva a crer que continuarei desconhecido no meu próprio idioma. (Mas se daqui a cinco minutos, ou três mil anos, alguém se debruçar sobre estas linhas, acho terá valido a pena.)
No fundo, no fundo, penso que livros e autores, como todo o resto, estão votados ao esquecimento, com raríssimas exceções. Mas ninguém deve desanimar por isso.
A língua portuguesa e seus escritores têm um lugar no mundo. Esse lugar será tanto mais importante quanto maior for nossa capacidade de formar cidadãos e leitores em nossas sofridas nações.
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Texto revisto, publicado antes em 6 de junho, 2011.
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