Jorge Adelar Finatto
photo do cinamomo: j.finatto |
Existe um edifício na rua Dona Eugênia, esquina com Lucas de Oliveira, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre, que tem um pequeno jardim em frente. Neste jardim vive um velho cinamomo.
Passei por lá no último sábado, o tempo estava um pouco nublado e frio. Caminhava rumo à banca de jornal que tem ali perto, onde costumo ir quando estou pela cidade.
Sempre que passo naquele lugar olho para o meu amigo cinamomo. Às vezes me pergunto se ele ainda se lembra de mim. Eu jamais poderia esquecê-lo. Morei naquele edifício quando tinha nove, dez anos.
O cinamomo fazia parte das brincadeiras da gurizada do prédio e da rua.
Pouca gente sabe - até porque existem hoje poucos cinamomos na cidade - mas essa árvore tem minúsculas flores que, na primavera, produzem um dos mais doces e suaves perfumes que conheço.
O meu velho cinamomo está lá, florido, soltando seu perfume em mais uma primavera das nossas vidas. A todos distribui seu aroma generosamente.
De certa forma, somos sobreviventes de um tempo e de um jardim.
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Texto revisto, publicado em 27 de setembro, 2010.
Bela crônica, ecológica, sensível, indo no inverso daqueles que pensam que árvores só entravam o dito "desenvolvimento".
ResponderExcluirSe estivesses por aqui, neste período, infelizmente, nos desencontramos. Outubro é época do Congresso Nacional de Poesia, em Bento Gonçalves, e eu estava lá para defender o espaço dos poetas líricos.
Abraço.
Ricardo Mainieri
Toda vez que encontro um cinamomo, dou-lhe um abraço. Somos amigos de infância.
ResponderExcluirUm abraço, Ricardo.
JF