Jorge Adelar Finatto
photo: j.finatto |
Escrever é estar vivo. Compartilhar isso com o outro é felicidade.
Esse texto aconteceu durante uma falta de luz que lançou a casa e a rua no mais profundo breu.
Saí pelos armários e gavetas às cegas, apalpando em busca de coisas capazes de substituir a luz.
Velas, fósforos, lanterna, isqueiro, lamparina a óleo, qualquer coisa para iluminar a escuridão. O breu do ambiente. O breu na alma.
Um apanhador de estrelas.
O que é o texto senão um telescópio mirando a espessa névoa dos corações e mentes? Que podem dizer as palavras que ainda não foi dito? Falar a quantos olhos nascem no planeta todos os dias, luz das estrelas.
Na sala calada, o apanhador rumina paciência, viaja distâncias, abraça ausências, inventa afetos, estuda anotações de outros exploradores, ajusta as lentes do seu instrumento.
Viajar por esse mistério chamado existência.
O apanhador espreita a noite infinita à procura de um sinal, um movimento, uma luz distante e amiga, uma voz que acalente o coração na hora iluminada.
Viajar por esse mistério chamado existência.
O apanhador espreita a noite infinita à procura de um sinal, um movimento, uma luz distante e amiga, uma voz que acalente o coração na hora iluminada.
As palavras criam asas, inauguram o voo. Dias de trabalho para conseguir uma única página.
O apanhador se sente vivo e no caminho. Graças a Deus.
______________
Texto revisto, publicado antes em 9 de janeiro, 2013.
Adelar, me lembrei do velho e bom rock brasileiro com esta tua crônica. Para ilustrá-la este sucesso da década de 70, dos mineiros de "O Terço"
ResponderExcluirLuz De Vela
O Terço
Quando eu cheguei em casa
Estava tudo no escuro
Porque não tinha energia p'ra acender a luz.
Então eu fiquei pensando
Nos milagres desse século
Enquanto a luz de vela iluminava o papel
A noite é tão escura quanto natural
E a luz é a projeção do que você procura entender.
No meu abrigo noturno
Eu procuro ler meus sonhos
Mas sei que o que eu preciso é enxergar no escuro.
E me acostumar com o espaço
Que o meu próprio corpo ocupa
E ver com a clareza independente da luz.
A noite é tão escura quanto natural
E a luz é a projeção do que você procura entender.
Vou me tocando e chocando
Feito um elétron doido
Até bater no teu peito
Querendo mesmo é repouso
Uma bela lembrança, Ricardo.
ResponderExcluirA gente precisa acostumar o olho a ver no escuro e nunca desistir da luz.
Um abraço.
Adelar
Estive hoje, à noite, na AL. Teu nome estava entre os participantes de uma coletânea. Olhei em volta e não te encontrei. vai, então, via comentário, meus sinceros parabéns.
ResponderExcluirRicardo Mainieri
Querido amigo.
ExcluirObrigado pela lembrança, ando recolhido e meio calado aqui nos Campos de Cima do Esquecimento, de onde te mando um grande abraço.
Adelar