Uma réstia de sol respira na escuridão.
Nem tudo está perdido, longe disso. Há muito amanhecer vindo pela frente, muita coisa boa pra ver, fazer e viver. Encontros, conversas, viagens, livros. Silêncios.
Haverá sempre um ramo de oliveira inserido no bico do pássaro que retorna a nossa casa pra mostrar que a vida continua.
Nem tudo está perdido, longe disso. Há muito amanhecer vindo pela frente, muita coisa boa pra ver, fazer e viver. Encontros, conversas, viagens, livros. Silêncios.
Haverá sempre um ramo de oliveira inserido no bico do pássaro que retorna a nossa casa pra mostrar que a vida continua.
Tem dias que desanimo. Mas então penso essas coisas, respiro fundo. Foi o que fiz nessa tarde. E resolvi escutar o disco Abismo de Rosas, do violonista e compositor Dilermando Reis (1916-1977). Violão bem ponteado, bem temperado, lírico, sentimental, bem do jeito brasileiro.
A tristeza não pode durar mais que o tempo do vôo da borboleta de um ramo a outro.
Esse Dilermando Reis era mesmo um poeta e um sábio das cordas. O pinho, nos seus dedos, ganha ricas tonalidades. Erudito e popular. Ele passeia pelo violão como um peixe desliza dentro dágua.
Como um pássaro acaricia o ar com as asas.
A tristeza não pode durar mais que o tempo do vôo da borboleta de um ramo a outro.
Esse Dilermando Reis era mesmo um poeta e um sábio das cordas. O pinho, nos seus dedos, ganha ricas tonalidades. Erudito e popular. Ele passeia pelo violão como um peixe desliza dentro dágua.
Como um pássaro acaricia o ar com as asas.
Artistas com este talento nos fazem lembrar que o Brasil pode ser muito melhor do que isso que se vê. Com mais justiça social e acesso às coisas materiais indispensáveis, às coisas da arte e do espírito.
Se o raro leitor precisa de consolo, se está triste por alguma razão ou mesmo sem razão, se está desanimado, se quer fugir de casa, se planeja mudar-se para o telhado depois da chuva, se está de saco cheio da realidade brasileira e suas tristes vicissitudes, se sonha em emigrar, recomendo que, antes do ato extremo, escute Abismo de Rosas, valsa composta por Américo Jacomino, o Canhoto, em 1905, na virtuosa interpretação de Dilermando.
Se o raro leitor precisa de consolo, se está triste por alguma razão ou mesmo sem razão, se está desanimado, se quer fugir de casa, se planeja mudar-se para o telhado depois da chuva, se está de saco cheio da realidade brasileira e suas tristes vicissitudes, se sonha em emigrar, recomendo que, antes do ato extremo, escute Abismo de Rosas, valsa composta por Américo Jacomino, o Canhoto, em 1905, na virtuosa interpretação de Dilermando.
E escute, também, a não menos encantadora Sons de Carrilhões, de João Pernambuco. Escute, enfim, todo o disco Abismo de Rosas, gravado por Dilermando em 1958 (encontra-se o cd nas boas casas do ramo).
Um bálsamo no meio de tanta dor.
Um sopro de alegria.
Um bálsamo no meio de tanta dor.
Um sopro de alegria.
Já agora: pode escutar também,; Se ela Perguntar, Marcha dos Marinheiros, Noites de Luar, Milonga d'el Ayer, Romance de Amor, Índia, etc Ouço com frequência o violão de Dilermando do qual brota essa força genuína e fascinante do povo simples em busca do transcendente.
ResponderExcluirSe me permite recomendo-lhe, nesses momentos de introspeção, tristeza, saudade, escutar Athaualpa Youpanki - los ejes de mi carreta, dueme negrito, cancion del índio, milonga del solitrário - e Agustin Barrios pela magnífica Berta Rojas. Afinal, é bem certo; como o mundo é pequeno!
Meu Caro António Barreto. Li agora a tua manifestação, que é preciosa, como sempre! A excelência da percepção do amigo António nos ilumina. Esse mundo é mesmo pequeno. Eu, por exemplo, tenho alma de fadista. Escrevi no blog sobre noites passadas no Bairro Alto a ouvir o fado. Quisera ser um dançarino de fado! Acaso fosse possível dançar o fado, acaso eu dançasse alguma coisa, que eu nada danço, só fico olhando os casais no salão (se é que com meus olhos astigmáticos e hipermetrópicos eu possa realmente ver algo além da neblina) . Mundo pequeno com ilhas de deleza e sol! Um abraço, António.
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