Nós que andamos festejando a chegada dos dias luminosos de setembro, que abrimos todas as janelas para a fuga das sombras, temos que ter uma certa calma. Hoje (quarta-feira, 24/9), por exemplo, em Passo dos Ausentes, fez um perfeito dia de inverno, o que, aliás, não é de se estranhar por essas bandas em qualquer época.
O frio era tamanho que retirei o capote do armário para sair de casa à tarde. Fui tomar um café com os amigos no Café da Ausência, na velha estação de trem abandonada. As conversas entremeadas pelos acordes do bandoneón de Juan Niebla, que percorria sonoridades entre Bach e Piazzolla.
Neblina cerrada, um pouco de chuva. As botas úmidas, as sensações úmidas. Pra suavizar, um aroma de flor solto no ar que expulsa a tristeza e faz um bem danado ao coração da gente.
Depois saí pela estrada com o guarda-chuva vermelho atravessando a cerração. Sim, feliz como um peixe, porque também pode haver beleza num dia frio, gris e molhado, em que somos convidados a visitar nossos aposentos interiores.
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