A máquina de escrever é a verdadeira máquina do tempo.*
Guillermo Cabrera Infante
Contigo aprendi a escutar a chuva.
Foi o que fiz, Maria, ontem, na madrugada de insônia. E me lembrei das tardes antigas em que, no inverno, me contavas histórias na velha casa de madeira e eu adormecia ouvindo a tua voz misturada com a voz do vento.
No fundo do pátio, entre os plátanos, passava o arroio, levando o céu e as nuvens no seu espelho, fazendo rumor sobre os seixos, conversando com os canteiros da horta.
O arroio rompia desde o interior verde da mata e levava mundo afora meus barcos de papel e as folhas das árvores.
Nas águas claras a nossa vida se refletia, misturada ao azul do infinito e à cor luminosa dos peixes.
O mundo era cálido e suave como ninho de passarinho.
No fundo do pátio, entre os plátanos, passava o arroio, levando o céu e as nuvens no seu espelho, fazendo rumor sobre os seixos, conversando com os canteiros da horta.
O arroio rompia desde o interior verde da mata e levava mundo afora meus barcos de papel e as folhas das árvores.
Nas águas claras a nossa vida se refletia, misturada ao azul do infinito e à cor luminosa dos peixes.
O mundo era cálido e suave como ninho de passarinho.
A casa se enchia com aroma de cravo, mel, açúcar queimado e canela. Quando acordava, sobre a mesa da cozinha estavam os doces que tinhas feito.
Nunca houve um mundo mais terno do que aquele que construías ao meu redor. Nem existiu abraço mais acolhedor e verdadeiro ao teu menino.
Tecias com tuas mãos delicadas o ofício de guardiã do tempo e da minha alma.
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* A Ninfa Inconstante, Guillermo Cabrera Infante, p. 16. Coleção Literatura Ibero-Americana, Folha de São Paulo, 2012.
Texto revisto, publicado no blog, pela primeira vez, em 25 de agosto, 2012.
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