Jorge Adelar Finatto
A mais bela das estações, para o mortal que escreve nesta rude página elétrica, é o outono. De boa vontade embrulharia o verão e o mandaria direto para o inverno.
Não quero desfazer das outras estações, cada qual com seus gostos. O verão, por exemplo: tem muita gente que gosta. Mas é no outono que eu renasço.
Outono significa transformação, as mudanças tão necessárias e urgentes para a vida seguir seu curso. É o recolher das seivas, reunião de forças, introspecção, preparo e passagem para um outro tempo.
Observei a copa dos plátanos esses dias e vi que começam a despontar os primeiros pigmentos amarelos nas folhas.
É pré-outono, uma notícia que a natureza mais íntima da flora nos manda em pleno verão. Para não esquecermos a beleza que está por chegar. A paisagem impressionista se anuncia. Nem todos percebem esses avisos. Só os ávidos por outono.
É pré-outono, uma notícia que a natureza mais íntima da flora nos manda em pleno verão. Para não esquecermos a beleza que está por chegar. A paisagem impressionista se anuncia. Nem todos percebem esses avisos. Só os ávidos por outono.
Os cáquis estão muito verdes ainda nos pés, mas crescem em silêncio entre as folhas e prometem doces dias em sua pele dourada.
O outono não é uma rainha decrépita, longe disso. É uma princesa discreta, sensual e misteriosa, que traz o véu com mil cores e tons, além de delicadas fragrâncias.
As nuvens são cor de açúcar queimado no entardecer.
Escrevo palavras de saudação ao outono que se aproxima, trazendo na bagagem seus ocres e amarelos, suas seivas, suas luminosas mutações, sua concentração na permanência da vida.
Um texto de fuga, alguém dirá, com alguma razão. A palavra há de servir, também, às vezes, para a evasão do real, sempre tão importante a fim evitar a loucura por excesso da realidade.
Eu ando mesmo com uma bruta saudade das delicadezas do outono em meio à barbárie destes dias.
As manhãs e tardes da estação das folhas cadentes prometem leveza nos traços iridescentes. A tristeza vai ter de esperar.
As nuvens são cor de açúcar queimado no entardecer.
Escrevo palavras de saudação ao outono que se aproxima, trazendo na bagagem seus ocres e amarelos, suas seivas, suas luminosas mutações, sua concentração na permanência da vida.
Um texto de fuga, alguém dirá, com alguma razão. A palavra há de servir, também, às vezes, para a evasão do real, sempre tão importante a fim evitar a loucura por excesso da realidade.
Eu ando mesmo com uma bruta saudade das delicadezas do outono em meio à barbárie destes dias.
As manhãs e tardes da estação das folhas cadentes prometem leveza nos traços iridescentes. A tristeza vai ter de esperar.
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